Estudo avaliou o potencial regenerativo dos microenxertos retirados das regiões de tuberosidade maxilar e do periósteo palatino, associado ao biomaterial xenógeno.
Com o intuito de possibilitar a instalação de implantes osseointegráveis e posterior reabilitação protética, o aumento ósseo vertical tem sido considerado o maior desafio entre os cirurgiões-dentistas que atuam na área da Implantodontia. Recentemente, um estudo clínico publicado no periódico internacional Clinical Implant Dentistry and Related Research com o título “Use of autologous micrografts associated with xenogeneic anorganic bone in vertical bone augmentation procedures with Barbell Technique” mostrou a possibilidade da utilização da Barbell Technique, um conceito menos invasivo e com menos riscos do ponto de vista técnico, associada à nova tecnologia italiana de microenxertos autólogos (Rigeneracons, Human Brain Wave SRL – Torino, Itália) para ganhos verticais. A publicação é fruto do projeto de pesquisa de doutorado do cirurgião-dentista Luiz Antônio Mazzuccheli Cosmo, defendida em 2023 na Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic, em Campinas.
O estudo objetivou avaliar o potencial regenerativo dos microenxertos retirados das regiões de tuberosidade maxilar e do periósteo palatino, associado ao biomaterial xenógeno em 24 procedimentos de reconstruções verticais na região posterior de maxila em 19 pacientes (Figuras 1). As reconstruções ósseas foram realizadas de maneira bidirecional, tanto internamente, elevando a membrana do seio maxilar, como externamente sobre a crista óssea, para configurar ganhos aposicionais.
No grupo-controle (GC), foi utilizado biomaterial xenógeno (Bio-Oss Large, Geistlich Biomaterials – Wolhusen, Suíça) dentro da cavidade sinusal, com o enxerto composto por biomaterial associado ao osso autógeno na proporção 1:1 utilizado sobre a crista óssea. No grupo-teste 1 (TG1), foi utilizado somente o biomaterial xenógeno dentro da cavidade sinusal e em aposição sobre a crista óssea, enriquecido com microenxerto derivado do periósteo palatino. Já no grupoteste 2 (TG2), o biomaterial xenógeno foi enriquecido com o microenxerto proveniente da tuberosidade maxilar nas mesmas situações descritas anteriormente (Figuras 2).
Após seis meses, os resultados foram analisados por tomografia computadorizada para que fosse mensurado o ganho ósseo vertical nos diferentes grupos, não havendo diferença estatística significante entre eles. As análises histomorfométricas (quantitativas) mostraram que nos enxertos inlay na cavidade sinusal não houve diferença estatística significante entre a quantidade de osso novo formado (TMV), partícula residual de material (TMNV) e tecido não mineralizado (TNM). Entretanto, nos enxertos aposicionais (mais críticos), os resultados mostraram que os microenxertos provenientes do periósteo (TG1) foram comparáveis ao padrão-ouro autógeno do grupocontrole, e superior aos resultados de tuberosidade. Em relação aos dados de imuno-histoquímica, houve maior expressão de VEGF nos grupos controle e TG1 (periósteo), o que demonstra um maior potencial do periósteo em promover mais intensa vascularização e, consequentemente, maior formação óssea.
É importante observar que a nova tecnologia de microenxertos é extremamente simples de ser utilizada em ambiente clínico e imediato ao procedimento, fazendo uso de um pequeno fragmento de material coletado de maneira minimamente invasiva (entre 2 mm e 3 mm), inserido no dispositivo Rigeneracons para desagregação, associado a 1,5 ml de solução salina durante dois minutos (70 rpm e 15 Ncm). Após o processo, a suspensão de microenxerto é coletada com o uso de seringa e aplicada ao biomaterial (Figuras 3).
Vale ressaltar que se trata de um estudo com uma metodologia inovadora em parceria com a empresa italiana Rigenera, com sua tecnologia recém-chegada ao Brasil, em que a reconstrução vertical bidirecional em maxila posterior ainda não havia sido publicada. Os resultados promissores permitiram aos autores apresentarem o projeto em Milão, no mês de outubro, no EAO 2024 (European Association for Osseointegration) – um dos maiores eventos de Implantodontia do mundo, mostrando a importância e o comprometimento em trabalhar com inovação e tecnologia dentro dos programas de pós-graduação da Faculdade São Leopoldo Mandic.
Conteúdo disponibilizado pelo corpo docente da Faculdade São Leopoldo Mandic: André Pelegrine, Antonio Carlos Aloise, José Luiz Cintra Junqueira, Luís Guilherme Macedo, Marcelo Napimoga, Marcelo Lucchesi Teixeira e Vagner Ortega.