Diego Klee conta que a técnica de elevação ou realocação de margens profundas é um procedimento simples, mas que demanda atenção para detalhes.
A técnica de elevação ou realocação de margens profundas (DME – Deep Margin Elevation), proposta por Dietschi e Spreafico em 1998, visa reposicionar acima do nível gengival margens subgengivais, que são frequentemente encontradas ao remover tecido cariado, substituir grandes restaurações ou em eventos de fraturas. Tais casos geram desafios técnicos e operacionais significativos para o cirurgião-dentista, já que dificultam as etapas de isolamento absoluto, impressão ou escaneamento, cimentação adesiva, bem como acabamento e polimento da região cervical. Quando executados incorretamente, esses procedimentos podem afetar a longevidade da restauração e sua relação com os tecidos periodontais.
O procedimento é simples, mas demanda atenção para determinados detalhes. Ele deverá sempre ser realizado sob isolamento absoluto com dique de borracha. Uma matriz curva Tofflemire modificada, reduzida para aproximadamente 3 mm de largura, deve ser suportada pelas paredes vestibular e lingual, e deslizará subgengivalmente, permanecendo estável e ligeiramente superior à elevação desejada.
Normalmente, não é possível o emprego de cunhas. A margem deve ser selada pela matriz sem qualquer tecido gengival ou dique de borracha interposto. A curvatura da matriz definirá um perfil de emergência e contorno adequados para a margem reposicionada. Em seguida, a margem da cavidade será realocada cerca de 2 mm acima do nível gengival, usando resina composta direta.
O acabamento é realizado usando tiras de lixa, discos flexíveis e pontas diamantadas com contra-ângulos reciprocantes (tipo EVA). Uma radiografia interproximal deve ser realizada antes de prosseguir para a preparação final e impressão/ escaneamento, buscando verificar a presença de falhas ou saliências. A presença de uma margem adesiva subgengival profunda não afeta a saúde periodontal do dente restaurado. Dessa forma, simplifica-se o alcance de áreas difíceis, agilizando as impressões (digitais ou analógicas), melhorando a adaptação marginal e facilitando a cimentação adesiva.
A técnica de elevação da margem profunda pode ser uma útil alternativa ao aumento cirúrgico da coroa clínica e à extrusão ortodôntica, reduzindo tempo e custo de tratamento, conferindo mais conforto ao paciente. Além disso, esta técnica pode ter um grande impacto na Odontologia digital, devido à facilidade de impressões ópticas das margens realocadas.
Diego Klee
Professor associado da disciplina de Prótese Parcial – UFSC; Doutor em Odontologia Restauradora e Prótese Dentária – Unesp/SJC.
Orcid: 0000-0002-6927-331X.