David Morita apresenta caso em que foi utilizada uma zircônia, indicada para casos maiores que de três elementos, com uma microestratificação.
As técnicas mudam, mas os conceitos sempre irão prevalecer dentro dos parâmetros técnicos e devem ser obedecidos para que nossos trabalhos tenham êxito e sejam conclusivos na Reabilitação Oral. Os materiais mudam e, com isso, nossa maneira de pensar sobre eles também muda. Existem fases para cada material. Uns ficam muito tempo entre nós, enquanto outros podem ser substituídos por materiais que conseguem alto desempenho estético e funcional, proporcionando resistência e longevidade nos tratamentos protéticos.
Desta vez, volto a falar sobre zircônias multilayer e sobre as vantagens de trabalhar com este tipo de material, que cada vez mais ganha adeptos nos laboratórios de Prótese Dentária. As zircônias multilayer são consideradas materiais de alta resistência e de grande qualidade estética. No entanto, seu custo ainda é alto sobre o ponto de vista do investimento necessário para um laboratório desenvolver esse trabalho em sua própria dependência. Mas, se esse é seu caso, não tenha preocupação sobre a afirmativa citada. Você pode fazer um investimento menor apenas com a aquisição de um escâner e de um software, e terceirizar a fresagem e a sinterização em alguma central de usinagem de sua preferência.
Alguns cuidados são necessários para a correta seleção do tipo de zircônia que vamos utilizar nos trabalhos reabilitadores, pois existem zircônias que são indicadas para trabalhos unitários ou fixos de até três elementos. Estas são mais translúcidas, mas são menos resistentes. E outras são indicadas para trabalhos maiores, podendo ser indicadas para fixas de até 12 elementos ou mais. Isso inclui também os casos de protocolos sobre implante. Porém, o aumento da sua resistência implica diretamente na translucidez.
Para a coluna desta edição, separei um caso em que foi utilizada uma zircônia da Amann Girrbach Zolid GEN-X, indicada para casos maiores que de três elementos. No caso descrito, era possível ter apenas maquiado, mas foi eleita a técnica de microestratificação pelo fato desta zircônia ser mais translúcida que os dentes naturais do paciente. Então, neste caso, uma pequena estratificação no terço incisal foi necessária para conseguir um resultado mais natural possível. Parece até um contrasenso, mas a expertise do técnico nessa hora é crucial para alcançar um resultado de alta performance, incluindo a intimidade com o material trabalhado. É por esse motivo que costumo ser conservador nas substituições de materiais e fornecedores. Busco o máximo de informação possível e realizo experimentos para ter mais intimidade com cada material que uso no meu laboratório.
Uma sequência muito simples é utilizada para esta técnica, pois consiste em uma camada de maquiagem para a obtenção da cor final. A aplicação de pigmentos na região incisal serve para reproduzir os detalhes e as caracterizações da borda incisal, como azul, cinza, amarelo, vermelho, creme e branco. Após a definição das características incisais dos dentes e a devida fixação das cores na peça através da cocção em forno, uma fundação na área é feita com pó de cerâmica polvilhando o material sobre a superfície úmida por líquido de glase na área a ser estratificada. Uma nova cocção é realizada para a fixação desta fundação na superfície da peça.
Em seguida, aplica-se cerâmica na região a ser reconstruída e realiza-se o acabamento com fresas diamantadas e polidores na região estratificada. Após a limpeza da peça, uma camada de glase é aplicada em toda a peça incluindo toda a superfície dela. Sempre utilizo o sistema Ivocolor, tanto para pigmento quanto para o glaseamento. Os pigmentos podem ser utilizados internamente na massa de cerâmica do sistema e.Max Ceram e também por fora da peça. E o glase do sistema Ivocolor tem como uma grande vantagem uma temperatura baixa de cocção. Isso é muito importante para a preservação das massas aplicadas e também dos pigmentos na superfície da peça.
David Morita
Técnico em Prótese Dentária – Senac; Proprietário do Laboratório e Instituto de Treinamento David Morita; Segundo secretário da Assembleia Administrativa da SBO Digital.