Maristela Lobo: o correto diagnóstico requer observação, conhecimento e interação entre especialidades. Por isso, é importante estar atento à face e evoluir as percepções através de exercícios subjetivos e objetivos.
As métricas faciais são referências bidimensionais ou tridimensionais que funcionam como pontos de partida para a observação objetiva da face, com suas características, simetrias, assimetrias e proporções. Permitem comparações clínicas à medida que os tratamentos intra e extraorais evoluem, principalmente porque as mudanças podem ser sutis aos olhos do profissional e do paciente.
As assimetrias estáticas (em repouso) e dinâmicas (sob movimentação muscular) podem ser subjetivamente avaliadas através da análise de espelhamento das hemifaces (Figuras 1), tanto em uma análise bidimensional (fotográfi ca), Figura 1A, quanto em uma análise tridimensional por fotogrametria (Figura 1B). Com o paciente em posição natural da cabeça, é possível duplicar as hemifaces e comparar as novas faces geradas com a face plena ou real. Todos os indivíduos apresentam faces assimétricas em algum grau, e essas assimetrias podem estar mais evidentes em repouso ou durante a dinâmica do sorriso ou da fala. Convém filmar os pacientes que apresentem assimetrias visíveis nas dinâmicas naturais do dia a dia: sorriso e fala.
O passo seguinte seria quantificar as assimetrias. Para isso, é necessário calibrar réguas digitais com medidas lineares reais da face do paciente (com paquímetro digital). Geralmente, tais medidas diretas são repetidas três vezes nas seguintes distâncias: 1) Tríquio (Tr’) até glabela (G’), correspondendo ao terço superior da face; 2) G’ até subnasal (Sn’), correspondendo ao terço médio da face; 3) Sn’ até mento em tecido mole (Me’), correspondendo ao terço inferior da face; 4) Largura da boca ou distância intercomissural; e 5) Largura do nariz ou distância interalar. A partir das três medidas diretas, obtêm-se um valor médio que servirá para calibrar a régua digital. Na sequência de figuras a seguir, é possível observar a métrica facial indireta calibrada a partir de medidas diretas (Figuras 2 a 6).
Muitas são as possibilidades de mensuração linear da face com objetivo diagnóstico. Algumas medidas são bastante conhecidas pelos clínicos, como a exposição dos incisivos superiores com os lábios em repouso, mas a grande maioria dessas métricas faciais permanece desconhecida pelos clínicos, sejam eles especialistas ou não. De fato, aprender a observar a face e seus detalhes, percebendo-a subjetivamente (visualmente) e objetivamente (com medidas), nos ajuda a treinar o olhar sobre o relacionamento dinâmico entre as estruturas com as quais trabalhamos na Odontologia, independentemente da especialidade.
Considerando que o correto diagnóstico requer observação, conhecimento e interação entre especialidades, devemos estar atentos à face e evoluir nossas percepções através de exercícios subjetivos e objetivos. Na próxima coluna, falaremos das métricas angulares mais importantes quando se pensa em face na Odontologia.
Maristela Lobo
Mestra em Odontologia (área de Cariologia) e doutora em Clínica Odontológica (área de Dentística) – FOP-Unicamp; Especialização em Periodontia – EAP-APCD; Professora do curso de pós-graduação lato sensu em Odontologia; Coordenadora da especialização em Periodontia Senac SP e Mandic SP; Coordenadora da especialização e do mestrado especial em Harmonização Orofacial e coordenadora da especialização em Periodontia – SLMandic.
Orcid: 0000-0003-0595-8851.