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Maquiagem: o complemento da anatomia

David Morita destaca que a texturização é o elemento subjetivo de um trabalho técnico, mas fundamental para a obtenção da naturalidade de um trabalho protético. 

Muitas vezes, pensamos em maquiagem em peças monolíticas como algo complexo e difícil de ser realizado. Porém, isso não se aplica no dia a dia. Isso porque a maquiagem é secundária quando a intenção é ter um trabalho estético e natural. Claro que existem fatores predominantes na confecção desse tipo de trabalho, e devemos ser seletivos na escolha do material e relacionar isso ao substrato que irá receber e suportar a prótese depois de confeccionada e instalada em boca.

No mercado atual, existem inúmeras marcas e possibilidades de tons e opacidade oferecidas pelos fabricantes, das mais translúcidas até as mais opacas. E, nesse ponto, nem todas as variáveis são aplicáveis para a realização da técnica de maquiagem. Outro fator importante é saber que existe uma grande diferença entre materiais injetáveis e materiais fresáveis. Em geral, os materiais injetáveis tendem a ser mais opacos comparados aos materiais fresáveis, já que existe uma diferença entre eles nas fases químico-física.

Atualmente, tenho cada vez mais realizado meus casos que envolvem dissilicato de lítio dando preferência ao procedimento de fresagem em detrimento ao uso da técnica de injeção, abordagem cada vez mais rara de ser utilizada por mim. Mesmo que essa mudança remeta a um custo mais alto em relação ao material, essa conta não se aplica ao custo hora-homem quando opto para fresar uma peça. Afinal, consigo ter em mãos as peças prontas para o acabamento em muito menos tempo e, assim, já realizar a finalização do trabalho.

Outro fator importante é a dureza do dissilicato fresado para realizar o acabamento, se comparado ao injetado. A resistência do fresado é muito menor que o injetado, o que significa mais rapidez e economia de fresas e polidores para alcançar a finalização das peças. Mas, independentemente da técnica, o princípio é o mesmo. A anatomia é mais importante que a quantidade de cores e pigmentos que o profissional pretende utilizar. A topografia é fundamental para melhorar o aspecto mais natural da restauração. Por isso, a texturização e o polimento são essenciais para a obtenção dos melhores resultados em casos estéticos.

Sulcos de desenvolvimentos e lóbulos são importantes para obter resultados mais estéticos. Mas, cuidado! Esses sulcos são sinuosos, com topografia imperfeita e com interrupções em seu trajeto. Seu posicionamento não divide os lóbulos vestibulares em tamanhos iguais e seus lóbulos cervicais são amorfos e assimétricos. Os sulcos de desenvolvimento acompanham exatamente o desenho dos lóbulos dentinários, e isso é imprescindível para a perfeita localização. Em resumo, o formato do dente pressupõe o desenho dos lóbulos que, por sua vez, direcionam a posição exata dos sulcos de desenvolvimento.

Os dentes com formato mais triangular tendem a ter sua formação dentinária ampliada em direção a incisal, sendo que a base cervical é mais estreita e abre em direção ao terço incisal. Já os dentes mais arredondados tendem a ter seus lóbulos dentinários direcionados ao centro do terço incisal. E, por fim, os dentes de formato quadrado são mais alinhados ao longo eixo do dente. A partir disso, criamos um direcionamento das cores da maquiagem que iremos realizar após o acabamento das peças.

Lembre-se que a texturização é o elemento subjetivo de um trabalho técnico, mas fundamental para a obtenção da naturalidade de um trabalho protético. Por isso, finalizo esta coluna com uma frase impactante do famoso pintor Pablo Picasso: “Em realidade, trabalha-se com poucas cores. O que ilude seu número é terem sido colocadas em um lugar justo e correto”.