Diego Klee e convidados apresentam caso clínico de restabelecimento do espaço biológico por meio da extrusão ortodôntica rápida com interação disciplinar com a Prótese Dentária.
As decisões para o tratamento reabilitador protético nas etapas de diagnóstico e planejamento são desafiadoras, buscando assertividade estética e funcional, nomeadamente em pacientes jovens e jovens/adultos com problemas periodontais no setor anterior. Nesse sentido, a interação disciplinar tem a capacidade de otimizar os resultados dos tratamentos, e Prótese Dentária, Endodontia, Periodontia e Ortodontia podem ser fortes aliadas em etapas de diagnóstico e tratamento de casos reabilitadores.
Nas situações clínicas que envolvem comprometimento do espaço biológico, por lesões ou fraturas que se localizem em regiões muito próximas ou abaixo da crista óssea, a cirurgia de aumento de coroa clínica, embora apresente resultados mais rápidos, irá envolver osteotomias dos dentes adjacentes. Isso resulta no alongamento das coroas clínicas, podendo interferir negativamente na estética e criando black spaces nas ameias cervicais.
Implantes dentários podem ser uma opção a ser avaliada. Entretanto, cobram um alto preço biológico, uma vez que envolvem a exodontia do dente envolvido. Este caminho deve ser considerado como a última alternativa, e jamais a primeira. A extrusão ortodôntica rápida, quando corretamente indicada, é uma opção interessante e conservadora para restabelecer as distâncias biológicas, minimizando as intervenções cirúrgicas, com osteoplastia e gengivoplastia somente no elemento a ser restaurado, sem a necessidade de intervenção nos dentes vizinhos.
O presente relato mostra um caso clínico de restabelecimento do espaço biológico por meio da extrusão ortodôntica rápida, em uma paciente que apresentava uma reabsorção cervical externa inflamatória no elemento 11. A reabsorção foi observada na superfície mesial abaixo da junção amelocementária, tendo como fator etiológico provável o traumatismo dental seguido de tratamento endodôntico, associado a diversas tentativas frustradas de clareamento dental.
Inicialmente, foi realizada a extrusão ortodôntica. Para esta etapa, a opção foi pelo aparelho fixo convencional com braquetes cerâmicos associados a um arco de 17 x 25 de TMA (titanium molybdenum alloy), com dobra de extrusão de aproximadamente 2 mm ao mês, dividido em três ativações mensais.
Trata-se de um procedimento seguro, desde que realizado por profissionais com treinamento específico e adequado controle mecânico durante o movimento.
Após a conclusão da etapa ortodôntica, foi realizada a curetagem da região reabsorvida, o retratamento endodôntico, a cirurgia periodontal corretiva, a reabilitação protética com núcleo de fibra de vidro e resina composta, e uma coroa cerâmica. Foi possível observar o sucesso no tratamento executado pela equipe multidisciplinar, devolvendo a estética e a função do elemento dentário de uma maneira conservadora. Desta forma, ressalta-se a importância da abordagem interdisciplinar na Odontologia, devendo ser inserida nas etapas de diagnóstico e plano de tratamento da reabilitação protética.
Coordenação:
Diego Klee
Professor associado da disciplina de Prótese Parcial – UFSC; Doutor em Odontologia Restauradora e Prótese Dentária – Unesp/SJC.
Orcid: 0000-0002-6927-331X.
Autores convidados:
Lucas Cardinal
Mestre em Ortodontia – PUC Minas; Doutor em Ortodontia – USP; Diretor do Instituto de Deformidades Faciais no Hospital Infantil Joana de Gusmão.
Rodrigo Baumgardt Barbosa Lima
Mestre em Implantodontia – São Leopoldo Mandic; Doutorando em Odontologia – UFSC.