You are currently viewing Implantes cerâmicos versus implantes metálicos

Implantes cerâmicos versus implantes metálicos

Elcio Marcantonio Jr. e Carolina Malzoni abordam vantagens e desvantagens de implantes cerâmicos e metálicos.

Os implantes cerâmicos começaram a ser utilizados na Odontologia com o intuito de favorecer a estética peri-implantar, uma vez que a coloração acinzentada dos implantes metálicos pode facilmente ser visualizada em fenótipos gengivais finos. Além da vantagem estética, os implantes cerâmicos também apresentam alta resistência mecânica1-2, menor adesão de biofilme3-4 e ainda eliminam o risco de possíveis alergias ao titânio e à liberação de produtos corrosivos na cavidade oral5.

Devido ao zircônio (Zr) ser um metal que sofre alterações dimensionais em diferentes temperaturas e pressão, quando utilizado para confecção de implantes dentários, ele é associado a outros óxidos metálicos para proporcionar maior estabilidade6. Dentre eles, destaca-se o zircônio associado ao óxido de ítrio (Y-TZP), o zircônio associado ao óxido de magnésio (Mg-PSZ) e o zircônio induzido ao estresse combinado com matriz de alumina (ZTA).

Os tecidos que circundam os implantes de zircônio são os mesmos encontrados ao redor de implantes metálicos, no entanto os implantes cerâmicos favorecem a formação de uma maior densidade de fibras colágenas, o que contribui com a diminuição do infiltrado inflamatório7.

Apesar disso, o epitélio juncional ao redor destes implantes é considerado mais longo7 e estudos em animais também indicam menor selamento epitelial8. Em relação à osseointegração, estes implantes apresentam resultados semelhantes aos implantes metálicos, com índices de 95,12% de sobrevivência9. Além disso, estudos em animais, comparando o torque de remoção de implantes cerâmicos com o de implantes metálicos, não encontraram diferença significativa entre eles10.

Apesar de muito questionarem a fratura de implantes de zircônio, a literatura indica segurança na utilização destes, desde que um adequado ajuste oclusal seja realizado atrelado ao correto posicionamento tridimensional do implante. Um estudo com ensaios mecânicos11 avaliou 15 implantes cerâmicos fraturados e pôde concluir que nenhum implante fraturou sem envolvimento de iatrogenias prévias. As falhas foram relacionadas ao posicionamento tridimensional inadequado, coroas protéticas com contatos oclusais descentralizados em relação ao eixo central do implante e instalação inadequada das coroas sobre o implante.

Devido à dificuldade em desenvolver componentes protéticos de zircônio parafusados, a maioria das empresas comercializa implantes cerâmicos de corpo único. Apesar deste design favorecer a saúde peri-implantar, por diminuir o gap entre implante e abutment, também oferece desvantagens relacionadas à difícil solução protética de casos com posicionamento tridimensional do implante inadequado e risco de excesso de cimento durante a cimentação inadequada da coroa protética. Estas desvantagens podem ser minimizadas pela atenção e experiência do profissional e pela utilização de implantes cerâmicos com design de duas peças.

Alerta-se, portanto, que a utilização de implantes de zircônio é segura e viável em casos com envolvimento estético e para evitar a liberação de produtos corrosivos na cavidade oral. No entanto, uma maior atenção do profissional é necessária no posicionamento tridimensional do implante e no momento da cimentação da coroa protética, para que o implante cerâmico possa ser realizado com segurança, reduzindo as chances de insucesso.

Referências

1. Sandhaus S. Technic and instrumentation of the implant C.B.S. (Cristalline Bone Screw). Inf Odontostomatol 1968;4(3):19-24.
2. Borges H, Correia ARM, Castilho RM, Fernandes GVO. Zirconia implants and marginal bone loss: a systematic review and meta-analysis of clinical studies. Int J Oral Maxillofac Implants 2020;35(4):707-20.
3. Degidi M, Artese L, Scarano A, Perrotti V, Gehrke P, Piattelli A. Inflammatory infiltrate, microvessel density, nitric oxide synthase expression, vascular endothelial growth factor expression, and proliferative activity in peri-implant soft tissues around titanium and zirconium oxide healing caps. J Periodontol 2006;77(1):73-80.
4. Kajiwara N, Masaki C, Mukaibo T, Kondo Y, Nakamoto T, Hosokawa R. Soft tissue biological response to zirconia and metal implant abutments compared with natural tooth: microcirculation monitoring as a novel bioindicator. Implant Dent 2015;24(1):37-4.
5. Sivaraman K, Chopra A, Narayan AI, Balakrishnan D. Is zirconia a viable alternative to titanium for oral implant? A critical review. J Prosthodont Res 2018;62(2):121-33.
6. Manicone PF, Iommetti PR, Raffaelli L, Paolantonio M, Rossi G, Berardi D et al. Biological considerations on the use of zirconia for dental devices. Int J Immunopathol Pharmacol 2007;20(suppl.1):9-12.
7. Cionca N, Müller N, Mombelli A. Two-piece zirconia implants supporting all-ceramic crowns: a prospective clinical study. Clin Oral Implants Res 2015;26(4):413-8.
8. Atsuta I, Ayukawa Y, Furuhashi A, Narimatsu I, Kondo R, Oshiro W et al. Epithelial sealing effectiveness against titanium or zirconia implants surface. J Biomed Mater Res A 2019;107(7):1379-85.
9. Pieralli S, Kohal RJ, Jung RE, Vach K, Spies BC. Clinical outcomes of zirconia dental implants: a systematic review. J Dent Res 2017;96(1):38-46.
10. Hafezeqoran A, Koodaryan R. Effect of zirconia dental implant surfaces on bone integration: a systematic review and meta-analysis. Biomed Res Int 2017;9246721.
11. Scherrer SS, Mekki M, Crottaz C, Gahlert M, Romelli E, Marger L et al. Translational research on clinically failed zirconia implants. Dent Mater 2019;35(2):368-88.