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(Imagem: Envato Elements)

Enxertos sintéticos na Implantodontia

Elcio Marcantonio Jr e Ísis Balderrama analisam o estágio atual dos enxertos sintéticos na Implantodontia.

Os enxertos utilizados na Implantodontia, Periodontia e Cirurgia Oral são classificados em autógenos, homógenos, heterógenos e sintéticos. Atualmente, o uso de enxertos ósseos vem crescendo: são realizados mais de 500 mil procedimentos de aumento ósseo anualmente nos Estados Unidos e 2,2 milhões em todo o mundo, com o intuito de reparar defeitos ósseos na Ortopedia, Neurocirurgia e Odontologia1. Os materiais sintéticos desempenham um papel fundamental no preenchimento dos defeitos ósseos e, com isso, nos últimos anos, novos produtos foram rapidamente lançados no mercado a fim de otimizar o potencial regenerativo. Biomateriais são desenvolvidos para exercer suporte estrutural e têm como principal critério serem biocompatíveis2.

Uma ampla variedade de enxertos alopáticos fabricados sinteticamente está disponível no mercado, assim como a literatura é abundante devido aos numerosos estudos pré-clínicos e clínicos, já que o enxerto de origem animal demonstra dados deficientes na qualidade óssea obtida, o que torna questionável, relevante e interessante a pesquisa por substitutos ósseos sintéticos3-4. Os enxertos sintéticos são livres de origem orgânica e é raro encontrar infecção príon derivada de produtos animais relatada na literatura5. O glossário do periódico internacional Oral and Maxillofacial Implants define aloplástico como “inorgânico, sintético ou um material estranho inerte no tecido”6.

Muitos biomateriais sintéticos são desenvolvidos em laboratório e com superfícies topográficas específicas em micro e nanoescalas, com o objetivo de aprimorar a formação do novo osso. A característica do material pode ser determinada por sua biocompatibilidade, seguridade, características na superfície, geometria, manuseabilidade e por possuir propriedade osteocondutora. Os enxertos sintéticos podem ser classificados e derivados da combinação de fosfatos de cálcio, cerâmicas de vidro, polímeros e metais, mais conhecidos como hidroxiapatita (HA), beta-tricálcio fosfato (β-TCP), fosfato de cálcio bifásico (BCP), polímeros, biocerâmicas, sulfato de cálcio, cerâmicas de vidro e vidros bioativos3-4,7.

Em questão de propriedades regenerativas, o potencial de indução óssea dos enxertos sintéticos pode ser determinado por apenas diferenciação celular e formação óssea ectópica, quando comparado com o enxerto autógeno (padrão-ouro), que possui como vantagens o recrutamento, a proliferação e a diferenciação celular, além da formação óssea ectópica9.

Embora os enxertos sintéticos possuam uma superfície osteocondutora que permite a fixação celular e a proliferação e o crescimento ósseo tridimensional, em comparação com outros tipos de enxertos ósseos, eles demonstraram capacidade de formação óssea inferior em vários estudos comparativos. Diante disso, diversos enxertos sintéticos foram fabricados e testados com a incorporação de fatores de crescimento recombinantes capazes de facilitar a regeneração óssea ou periodontal5.

Materiais sintéticos são todos derivados de fosfato de cálcio (CaPO4) apatitas, o maior componente do tecido humano mineralizado10, e esses tecidos são apatitas biológicas que provêm estrutura e função. A literatura determina que a hidroxiapatita é o arcabouço ideal para reparação óssea, mas não para todas as aplicações de aumento ósseo alveolar11.

A reabsorção do enxerto ósseo é um dos quesitos importantes a serem considerados, sendo reportado que as HAs sintéticas levam um tempo para serem substituídas por osso nativo, enquanto o β-TCP é conhecido por reabsorver rapidamente12. Quando reabsorvido, com a atividade osteoclástica do osso natural, íons constituintes são liberados e estimulam a formação óssea.

É justo afirmar que a substituição ideal de enxerto ósseo sintético ainda não foi desenvolvida ou proposta de forma conclusiva. No entanto, arcabouços sintéticos pré-fabricados para a reabilitação de defeitos ósseos alveolares continuam a melhorar. No futuro, espera-se que os enxertos ósseos sintéticos sejam a classe com as maiores melhorias quanto ao uso na prática clínica diária. Vale salientar que muitos pacientes preferem um biomaterial produzido em laboratório ao invés dos derivados de animais, devido às questões culturais e religiosas.

Referências

  1. Giannoudis PV, Dinopoulos H, Tsiridis E. Bone substitutes: an update. Injury 2005;36(suppl.3):S20-7.
  2. Langer R, Tirrell DA. Designing materials for biology and medicine. Nature 2004;428(6982):487-92.
  3. Park CH, Rios HF, Jin Q, Sugai JV, Padial-Molina M, Taut AD et al. Tissue engineering bone-ligament complexes using fiber-guiding scaffolds. Biomaterials 2012;33(1):137-45.
  4. Jensen SS, Bornstein MM, Dard M, Bosshardt DD, Buser D. Comparative study of biphasic calcium phosphates with different HA/TCP ratios in mandibular bone defects. A long-term histomorphometric study in minipigs. J Biomed Mater Res B Appl Biomater 2009;90(1):171-81.
  5. Kim Y, Rodriguez AE, Nowzari H. The risk of prion infection through bovine grafting materials. Clin Implant Dent Relat Res 2016;18(6):1095-102.
  6. Laney WR. Glossary of Oral and Maxillofacial Implants. Int J Oral Maxillofac Implants 2017;32(4):Gi-G200.
  7. Buser D, Chappuis V, Kuchler U, Bornstein MM, Wittneben JG, Buser R et al. Long-term stability of early implant placement with contour augmentation. J Dent Res 2013;92(12 suppl.):176S-82S.
  8. Dahlin C, Obrecht M, Dard M, Donos N. Bone tissue modelling and remodelling following guided bone regeneration in combination with biphasic calcium phosphate materials presenting different microporosity. Clin Oral Implants Res 2015;26(7):814-22.
  9. Miron RJ, Sculean A, Shuang Y, Bosshardt DD, Gruber R, Buser D et al. Osteoinductive potential of a novel biphasic calcium phosphate bone graft in comparison with autographs, xenografts, and DFDBA. Clin Oral Implants Res 2016;27(6):668-75.
  10. Dorozhkin SV. Calcium orthophosphate-based bioceramics. Materials (Basel) 2013;6(9):3840-942.
  11. Antoniac IV. Handbook of bioceramics and biocomposites. Suíça: Springer, 2016.
  12. Cordaro L, Bosshardt DD, Palattella P, Rao W, Serino G, Chiapasco M. Maxillary sinus grafting with Bio-Oss or Straumann Bone Ceramic: histomorphometric results from a randomized controlled multicenter clinical trial. Clin Oral Implants Res 2008;19(8):796-803.