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Enxerto ósseo autógeno tipo fratura em galho verde

Marco Bianchini explica a fratura do galho verde e apresenta um caso clínico com cinco anos de acompanhamento.

O enxerto de osso autógeno é composto de material obtido do próprio indivíduo. É o único entre os tipos de materiais de enxertia a fornecer células ósseas viáveis imunocompatíveis. Ele é considerado o gold standard (padrão-ouro) em termos de potencial osteogênico, mas apresenta como desvantagens a disponibilidade limitada no sítio doador e a morbidade neste mesmo sítio doador (que, geralmente, necessita ser uma área “extra” além da cirúrgica).

O osso autógeno pode ser coletado em qualquer área do corpo humano, mas, para fins periodontais, geralmente é retirado de áreas intrabucais do próprio paciente. Como os defeitos periodontais requisitam pequenas quantidades de osso, as áreas intraorais costumam ser suficientes para fornecer o osso autógeno. Também, para uso periodontal, esse material é mais empregado na forma particulada do que em pequenos blocos, que ficariam completamente soltos no defeito, diminuindo o percentual de sucesso.

As áreas doadoras intraorais incluem: alvéolos pós-extração, rebordos desdentados, região de túber, região retromolar, região do mento, processo coronoide, regiões de tórus, osso removido durante a osteotomia e osteoplastia etc. Dentro dessas áreas, pode-se coletar o osso utilizando várias técnicas descritas na literatura1-2, sendo que uma das mais antigas é conhecida como fratura do galho verde e será explicada a seguir.

Esta técnica foi preconizada na década de 19601-2 e requer a existência de uma área desdentada adjacente ao defeito. O osso desta região é aproximado da superfície radicular comprometida, sem fraturá-lo na base, assemelhando-se a um ramo de árvore verde que, quando forçado, se dobra mas não fratura. Desta forma, a base do osso suportaria o fragmento ósseo preso para manter o enxerto vital. Já a parte mais coronal seria deslocada com cinzéis, na direção do defeito. Após isto, uma membrana deve ser utilizada sobre toda a região para evitar a migração dos tecidos moles para a área enxertada.

Apesar de ser relativamente pouco utilizada, devido ao grau de dificuldade e à indicação restrita, esta técnica aplica os princípios básicos da regeneração tecidual guiada dos tecidos periodontais, pois mantém o enxerto vital dentro da área a ser tratada. Em defeitos ósseos na distal dos últimos dentes do arco ou em áreas edêntulas adjacentes ao dente com problema periodontal, ela pode ser uma interessante opção para o tratamento de defeitos verticais.

As Figuras 1 e 2 demonstram um caso clínico com cinco anos de acompanhamento, no qual foi realizado enxerto de osso autógeno utilizando a técnica de fratura em galho verde.

Referências

  1. Tonetti MS, Fourmousis I, Suvan J, Cortellini P, Bragger U, Lang NP. European Research Group on Periodontology (ERGOPERIO). Healing, post-operative morbidity and patient perception of outcomes following regenerative therapy of deep intrabony defects. J Clin Periodontol 2004;31(12):1092-98.
  2. Ross SE, Malamed EH, Amsterdam M. The contiguous autogenous transplant – it’s rationale, indications and technique. Periodontics 1966;4(5):246-55.