Endolaser é uma técnica minimamente invasiva que possui potencial de skin tightening, redução da flacidez, de linhas de expressão, melhora de cicatrizes de acne e mais.
A busca pelo rejuvenescimento facial é crescente e há uma vasta variedade de tratamentos para gerenciar e compensar os pilares do envelhecimento, restaurando a juventude e vitalidade da pele, e proporcionando uma aparência mais jovem e revigorada1. Dentre esses tratamentos, destaca-se o endolaser, uma técnica minimamente invasiva que possui potencial de skin tightening (“encolhimento” da pele), Figura 1, redução da flacidez, de linhas de expressão, melhora de cicatrizes de acne, redução de pequenos compartimentos de gordura, além do aumento da espessura dérmica, contribuindo para um rejuvenescimento progressivo e com naturalidade.
A técnica consiste na utilização de um laser de diodo que é introduzido por meio de uma fibra óptica no plano subdérmico, promovendo remodelação não ablativa, aquecendo o tecido, com consequente bioestímulo para recrutamento, diferenciação celular e formação de novas fibras colágenas e elásticas. Nesta técnica, utiliza-se o comprimento de onda de 1.470 nanômetros (nm) com o objetivo de obter maior eficiência na absorção do cromóforo-alvo principal, que é a água.
O endolaser pode ser aplicado em diferentes regiões da face, incluindo a região periorbicular dos olhos e da boca, bochecha, região submentoniana e pescoço (Figuras 2 e 3). Nas regiões mais delicadas, como pálpebras e região periorbicular da boca, são empregadas as fibras planas de 300 μm. No restante da face, região submentoniana e pescoço, usamos as fibras planas de 400 μm ou 600 μm.
O procedimento de endolaser pode ser realizado empregando-se também o ultrassom (procedimento ecoguiado), com o intuito de aumentar a segurança da técnica (Figuras 4). Ao emitir um feixe de luz laser de alta energia, o endolaser facial aquece seletivamente o tecido-alvo, concentrando-se em uma faixa estreita e localizada (fototermólise seletiva). Sua capacidade de penetrar profundamente nos tecidos é notável devido à sua alta afinidade com a água, que é um componente essencial dos tecidos biológicos2. Além disso, embora com uma menor afinidade, também interage com a gordura, contribuindo para o aumento da temperatura com consequente redução de pequenos compartimentos. A umidade do tecido local vaporiza rapidamente e as células sofrem lise e necrose, resultando na ablação tecidual. Esse efeito promove uma inflamação local que estimula o recrutamento e a diferenciação celular, com consequente produção de colágeno e elastina, elementos essenciais para a firmeza e elasticidade da pele. Desse modo, após a aplicação do endolaser, existe uma melhora visível na textura da pele, redução de rugas e linhas finas (Figuras 5 a 7). Além disso, o estímulo de colágeno produzido pela pele proporciona resultados naturais porque trabalha com os processos regenerativos do próprio organismo, sem aspecto artificial ou excessivamente alterado3-5.
Entretanto, como em qualquer procedimento, existem riscos e complicações associados a esta técnica, sendo de extrema importância o conhecimento anatômico da face, do plano correto de aplicação da fibra ótica e da energia máxima a ser utilizada em cada região, individualizando os protocolos de acordo com cada tipo de pele, espessura tecidual, áreas de risco anatômico, dentre outros. O controle da energia gerada é fundamental para alcançarmos um resultado seguro, sem lesionar o tecido. O objetivo da terapia é um aquecimento terapêutico para induzir a produção de colágeno tipo I, e não de cicatrizes fibróticas.
Da mesma forma que o ácido hialurônico, que é um biomaterial seguro e presente em diversos tecidos do nosso corpo, inclusive na matriz extracelular, pode causar necrose se colocado em grandes quantidades em áreas de risco anatômico e com técnicas inadequadas, o sucesso do endolaser depende de uma capacitação profissional adequada.
O endolaser é um avanço significativo no campo do rejuvenescimento facial, oferecendo excelentes resultados na retração tecidual (efeito tightening) e no bioestímulo de colágeno. Com evidências científicas respaldando sua eficácia e segurança, o uso do laser de diodo com comprimento de 1.470 nm se destaca como um procedimento minimamente invasivo, eficiente e seguro quando realizado por profissionais capacitados.
Referências
- Luvizuto E, Queiroz T. Arquitetura facial. Nova Odessa: Editora Napoleão Quintessence, 2019.
- Li K, Nicoli F, Xi WJ, Zhang Z, Cui C, Al-Mousawi A et al. The 1470 nm diode laser with an intralesional fiber device: a proposed solution for the treatment of inflamed and infected keloids. Burns Trauma 2019;7:5
- Hirokawa M, Ogawa T, Sugawara H, Shokoku S, Sato S. Comparação de laser 1470 nm e fibra radial 2ring com laser 980 nm e Fibra Bare-Tip na ablação endovenosa a laser de varizes safenas: estudo multicêntrico, prospectivo, randomizado, estudo não cego. Ann Vasc Dis 2015;8(4):282-9.
- Arslan Ü, Çalık E, Tort M, Yildiz Z, Tekin AI, Limandal HK et al. More successful results with less energy in endovenous laser ablation treatment: long-term comparison of bare-tip fiber 980 nm laser and radial-tip fiber 1470 nm laser application. Ann Vasc Surg 2017;45(1):166-72.
- Ferreira MB, Galego GDN, Nazário NO, Franklin RN, Silveira PG, Bortoluzzi CT et al. Use of 1,470 nm laser for treatment of superficial venous insufficiency. J Vasc Bras 2021;20:e20200244.
Thallita Pereira Queiroz
Especialista, mestra e doutora em CTBMF – FOA/Unesp; Especialista em Harmonização Orofacial e em Implantodontia; Pós-doutora na área de Biomateriais – Instituto de Química da Unesp; Professora das disciplinas de Anestesiologia, CTBMF I e II, Implantodontia e Harmonização Orofacial, e vice-coordenadora do mestrado em Ciências Odontológicas (área de Implantodontia) – Uniara.
Autoras convidadas:
Pâmela Letícia dos Santos
Especialista, mestra e doutora em CTBMF – Unesp; Especialista em HOF; Professora – Uniara.
Flavianny Silva Artiaga Andrade Gomes
Cirurgiã-dentista – Universidade Federal de Goiás; Especialista em Harmonização Facial, em Prótese Dentária e em Implantodontia; Habilitada em Laserterapia; Mestranda em Odontologia – Unievangélica.
Juliana Jellmayer
Cirurgiã-dentista/Biomédica; Mestra e doutora em Biotecnologia aplicada à Farmácia (área de Imunologia Clínica); Mestranda em Ciências Odontológicas (Implantodontia) – Uniara.
Luciana Diaz
Mestra em Implantodontia; Especialista em Periodontia e Harmonização Orofacial; Pós-graduada em Ultrassonografia Facial.
Eloá Rodrigues Luvizuto
Especialista em Periodontia; Mestra e doutora em Odontologia (área de Clínica Integrada) – FOA/Unesp; Pós-graduada (Depto. de Cirurgia Oral) – Universidade de Medicina de Viena/Áustria; Pós-doutorado – FOA/Unesp.