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Editorial: o que é “chance” na Odontologia?

A Odontologia tem alguns índices que indicam a proximidade de um evento ocorrer. E pode ser que as “chances” mudem totalmente em breve.

Chance é uma palavra ligada à probabilidade. Todo dia, há chance de “algo” acontecer. Veja a previsão do tempo: chuva ou sol? Frio ou calor? O seu serviço de meteorologia fornece a chance. Acerta e erra na mesma proporção? Depende. E é por isso que se chama “chance”. Pense nela como se fosse uma régua de proporções, do zero aos 100%. Algumas probabilidades são óbvias. Por exemplo, se qualquer um aqui saltar sem paraquedas de um avião no ar e em movimento, a chance de “arrastar pra cima” é 100%. Não precisa nem fazer conta.

Contudo, a Odontologia lida de uma maneira diferente com essa tal de “chance”. Temos alguns índices que indicam o quanto estamos perto do evento ocorrer. Geralmente, formam uma trindade, cada uma representada por duas letras (OR, RR, HR). Se o valor de cada um ficar maior do que 1, há grande chance do evento ocorrer. Se ficar menor do que 1, a chance é pequena.

Por exemplo, vamos olhar o OR (odds ratio), ou razão entre as chances. Ela divide o número de eventos ocorridos/eventos não ocorridos no grupo experimental e faz o mesmo no grupo-controle. Da literatura recente, se olharmos a chance (OR) de perder o implante dentário nas pessoas que não fumam, quando comparadas com as pessoas que fumam, ela é 1,96 vezes menor até os cinco anos de acompanhamento. Ou seja, fumar realmente colocará o seu paciente em risco.

Que tal algo como “associação entre periodontite e falha cardíaca”? Outro artigo recente mostra: pessoas com periodontite severa possuem três vezes mais chance (OR) de falha cardíaca, quando comparadas aos pacientes sem patologia periodontal.

Para fechar: qual a chance de desenvolvermos complicações no terço superior da face pelo uso de injeções de toxina botulínica? Se usarmos a ONA, a chance (OR) é de 1,34 vezes comparada ao placebo. Já para a ABO, a chance (OR) é de 1,62 vezes comparada ao placebo. No geral, a taxa de complicações foi 16%. Veja que “taxa” é bem diferente de “chance”. A taxa, em bom “estatistiquês”, seria a prevalência.

A estatística de chance depende muito das amostras que são analisadas e de alguns ajustes em fatores, como idade, sexo e renda. Entretanto, estamos na era da Medicina personalizada, e a Odontologia em pouco tempo também se beneficiará das análises sobre a suscetibilidade dos genes dos pacientes às doenças. E pode ser que tudo o que sabemos atualmente sobre “chance” mude.

Por enquanto, na ImplantNews, a única “chance” que você corre é de ver excelentes colunistas, artigos clínicos e científicos revisados cuidadosamente, e conteúdo jornalístico relevante para os profissionais da Reabilitação Oral.

Boa leitura!