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Dor dentária difusa há um mês: o que pode ser?

Pergunte ao especialista: Eduardo Miyashita debate as possíveis causas de uma dor dentária difusa há mais de um mês.

Dor difusa espontânea

Paciente relata dor dentária espontânea há mais de um mês no elemento 16, onde ela possui coroa sobredente vitalizado realizada há mais de dois anos. Também relata que está muito ansiosa e que vive um período estressante.

Na avaliação clínica e radiográfica, o dente possui vitalidade e não apresenta sensibilidade dolorosa ao teste térmico ao frio nem à percussão. Não há infiltração marginal ou cárie. A avaliação periodontal apresenta normalidade, sem retração gengival ou sensibilidade na região cervical.

Foram avaliados os contatos dentários em relação central e nos movimentos excursivos, e não há interferências oclusais. A paciente usa placa de mordida à noite. A dor é difusa e não melhora com o uso de medicações analgésicas anti-inflamatórias. Mesmo com a aplicação de laser no local, não houve melhora.

A paciente também passou em consulta com um otorrinolaringologista e um neurologista, não sendo verificada alteração clínica. O que poderia ocasionar esta dor?

Rosangela Machado (São Paulo)

Esta sintomatologia pode não ser de origem dentária e necessitaria de um exame clínico detalhado de um especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial. Uma possibilidade seria a presença de pontos-gatilhos de dor, conhecidos por trigger points ou nódulos musculares.

O exame clínico com palpação muscular pode localizar a presença destas bandas tensas musculares e, talvez, elas apresentem dores referidas à distância. Ou seja, a origem da dor é muscular, mas o paciente tem a percepção dolorosa em outras áreas, como nos ouvidos, articulações, olhos, dentes, dentre outras regiões. Estas dores não são restritas à cabeça e pescoço, e podem ocorrer em diversas áreas de musculatura esquelética em todo o corpo.

A fisiopatologia dos pontos-gatilhos não é completamente esclarecida e alterações morfológicas, de neurotransmissores, neurossensoriais, eletrofisiológicas e motoras têm sido implicadas em sua patogênese. Existem vários métodos para desativar os pontos-gatilhos, tais como: massagens terapêuticas, ondas de choque, infiltrações anestésicas e microestimulação elétrica.

A técnica do agulhamento seco é um procedimento definido como a penetração de uma agulha fina de acupuntura, realizada sem a introdução de qualquer droga. Ela tem seu princípio no rompimento mecânico dos nódulos que estão localizados nos músculos esqueléticos, ocasionando dor. Após a penetração da agulha, ela é estimulada com o intuito de se desfazer o nódulo. A seguir, apresentamos um caso que pode ilustrar este tipo de situação clínica, mas isto deve ser realizado por um profissional devidamente treinado e com o diagnóstico diferencial de outras dores orofaciais e comorbidades.

Caso clínico 1

Paciente do sexo feminino, com 44 anos de idade, relata dor difusa na área do dente 17, sem alterações clínicas dentárias ou trauma dentário. Apresenta bruxismo de apertamento dentário durante o sono e relata período de estresse no trabalho, sem alterações sistêmicas.

O exame à palpação muscular apresenta nódulo muscular na região do músculo masseter superficial direito, com dor referida para a região de arco zigomático, área do dente 17, região pré-auricular direita e região intraoral de fundo de sulco vestibular na área do dente 16, além de dor no dente 17.

Caso clínico 2

Paciente do sexo masculino, com 45 anos de idade, relata queixa de dor de ouvido no lado direito e dor difusa na área dos molares superiores e inferiores do lado direito, sem alterações clínicas dentárias ou trauma dentário. Apresenta bruxismo de apertamento dentário durante o sono e relata período de ansiedade por mudança profissional, sem alterações sistêmicas.

O exame de palpação muscular apresenta nódulo muscular na região do músculo masseter superficial direito, com dor referida para a região do ouvido, molares superiores e inferiores, região de arco zigomático, temporal e cervical do lado direito, sem restrição dos movimentos mandibulares.

Leia também “Como avaliar a oclusão quando o paciente relata que o dente está alto?”, coluna de Eduardo Miyashita na revista PróteseNews.