A ImplantNews completa 20 anos e viaja na evolução de alguns tópicos da Reabilitação Oral neste período.
Na Odontologia, aprendemos que o diagnóstico deve ser feito individualmente para cada dente, ainda mais quando eles precisam receber restaurações parciais ou totais. As primeiras receitas eram de domínio público: as tecnologias disponíveis nos permitiam unir próteses fixas com removíveis através de encaixes. Eram peças extensas, muitas vezes com poucos pilares, dosadas de uma certa engenharia para cimentação. Quanto maior o envolvimento dentário, maior o risco. Às vezes, era preciso remover uma raiz aqui ou ali (da prótese fixa), estabelecer um pequeno cantiléver e fazer a reabilitação sobreviver ao jogo. E, mesmo nos casos de doença periodontal (tratada e estabilizada), essas peças cumpriam seu papel (por um bom tempo) desde que controlássemos sua mobilidade.
Os implantes dentários chegaram. Isso mudou o prognóstico dentário individual do ponto de vista do risco de cárie, infiltração e recessão gengival? Se pensarmos nos dentes hígidos, sim. Seriam menos preparos protéticos e manipulações de tecido mole. Se perdêssemos esse implante, os dentes continuariam lá – não que o cuidado com esses dentes fosse menor.
Mas é difícil imaginarmos (e recebermos) pacientes com dentições bem alinhadas, não é? Assim, perdas unitárias variadas trazendo defeitos de tecidos moles e duros, com as mais diversas configurações e resoluções de implantes e enxertos, desfilaram pela sua ImplantNews ao longo dos últimos 20 anos. Algo que sempre fizemos questão de mostrar: a vida clínica real. Neste ínterim, a impressão que ficou é que estávamos nos tornando mais especialistas em rebordos totalmente edêntulos: um ambiente sem dentes, onde o posicionamento dos implantes depende da quantidade/qualidade óssea, e o desenho da prótese vai do simples ao complexo conforme a demanda estética dos pacientes.
Entretanto, o assunto “diagnóstico dentário” voltaria à tona. Com uma compreensão melhor da dinâmica da tábua óssea e as cirurgias plásticas periodontais criadas para preservar ou aumentar a gengiva, a tendência seria manter os dentes em posição por muito mais tempo. Na verdade, nossas batalhas sempre estiveram na manutenção do nível gengival/peri-implantar da zona estética. Com o dente extraído e o implante colocado, observamos que esse nível se alterava na porção mediovestibular ou, muitas vezes, nas papilas, criando espaços não estéticos. O que fazer? Recomeçar. Não havia outra resposta.
O diagnóstico dentário individual nunca “saiu da moda”. Aliás, nesse jet-set internacional, os principais estilistas continuam ativos: 1) posição do dente no plano oclusal; 2) suporte ósseo alveolar; 3) vitalidade pulpar/tratamento endodôntico prévio; e 4) estrutura dentária remanescente. E para os que (ainda) se perguntam, é deveras trabalhoso, mas não impossível, equilibrar estes fatores quando nossos pacientes têm a quantidade mínima de dentes.
Esses 20 últimos anos, apesar de toda a parafernália tecnológica disponível, só nos mostram uma coisa, prevista por muitos que ministram em nosso meio: com a Implantodontia, é preciso entender muito mais de dentes do que de implantes dentários. Por anos (e para nossa sorte), a Ortodontia e a Periodontia nos ensinaram como “criar osso e gengiva”, a Endodontia mostrou como obturar “canais radiculares complicados” usando o microscópio cirúrgico, e a Dentística Restauradora/Prótese apontou como a tecnologia adesiva e os novos materiais podem ser valiosos na criação de restaurações muito mais conservadoras e mais resistentes.
Os implantes dentários continuam sendo uma opção interessante no arsenal clínico. E a decisão de colocá-los, quando feita sob o rigor dos detalhes acima, esgotando-se todas as possibilidades, tem gerado excelentes resultados.