You are currently viewing Defeitos do tecido mole peri-implantar: da etiologia ao tratamento

Defeitos do tecido mole peri-implantar: da etiologia ao tratamento

Elcio Marcantonio Jr e Ísis de Fátima Balderrama analisam os defeitos do tecido mole peri-implantar.

A osseointegração é o parâmetro predominante do sucesso dos implantes. Porém, novos parâmetros foram introduzidos para avaliar o sucesso de acordo com os avanços da Implantodontia contemporânea, como: estado de saúde peri-implantar, tecido mole peri-implantar considerado “natural”, parâmetros protéticos, estética e satisfação do paciente1, por exemplo.

A estética rosa tem demonstrado cada vez mais ser importante na rotina clínica. No entanto, nos últimos anos, defeitos peri-implantares (DTP) podem ocorrer e têm sido uma preocupação constante na Implantodontia. Os DTPscomprometem a estética peri-implantar, assim como a taxa de sobrevivência dos implantes dentários a longo prazo2-3. Eles desenvolvem-se pelo deslocamento apical da margem da mucosa peri-implantar das próteses implantossuportadas4, resultando clinicamente em recessão peri-implantar (RPI), perda de papila, perda do volume vestibular, alterações de coloração e textura5. Os fatores causais que são influenciadores para a sua ocorrência e desenvolvimento são: áreas que sofreram trauma tecidual, implante dentário mal posicionado, fenótipo peri-implantar fino, insuficiente largura e espessura da mucosa queratinizada, e inadequadas altura e espessura da crista óssea peri-implantar6-7.

O tratamento dos DTPs depende da causa do defeito e de alguns parâmetros clínicos, como posição tridimensional e diâmetro do implante, adequação do componente protético, adaptação da prótese, perfil submucoso côncavo, presença de mucosa queratinizada, nível ósseo, nível do tecido mole marginal, altura da papila peri-implantar comparada com o dente adjacente e coloração e aparência da mucosa peri-implantar8. Os DTPs têm sido observados após a reabilitação protética dos implantes dentários e parecem ocorrer após os seis primeiros meses de instalação da prótese sobre implante9.

A maioria das abordagens cirúrgicas para o tratamento dos DTPs é a combinação de um retalho posicionado coronalmente (CAF), com ou sem incisões verticais, e um enxerto autógeno de tecido conjuntivo subepitelial (ETCS) ou substitutos mucosos, tais como uma matriz dérmica acelular ou matriz de colágeno de origem animal10-12.

O ETCS é a técnica mais indicada e o padrão-ouro para obter um aumento da espessura e altura do tecido mole peri-implantar, em que os casos de recessões peri-implantares são encontrados13-14. O ETCS é indicado para aumento da espessura do tecido mole peri-implantar e em casos de deiscências do tecido mole peri-implantar, enquanto o enxerto gengival livre (EGL) é indicado para aumento da largura do tecido queratinizado peri-implantar15, sendo estes enxertos autógenos considerados o padrão-ouro para manejo do tecido mole ao redor dos implantes, quando comparados com os substitutos mucosos de origem alógena e animal16.

Uma abordagem cirúrgica-protética descrita em 201310 orienta realizar a remoção da prótese sobre implante ao menos um mês previamente à cirurgia. O abutment é reduzido e polido em função de fornecer um novo acabamento linear a ser criado na área. Consequentemente, coroas provisórias são instaladas, permitindo proporcionar uma cicatrização satisfatória ao tecido mole no pós-cirúrgico. Após o tratamento mecânico da superfície exposta do implante com brocas diamantadas, a deiscência é tratada com CAF associado ao ETCS removido do palato. Essa abordagem demonstra uma taxa de recobrimento peri-implantar de 75% com cinco anos de acompanhamento, com uma melhora estética e funcional proporcionada ao paciente.

Atualmente, a sobrevivência dos implantes não é o objetivo principal na Implantodontia contemporânea. Ótimos resultados estéticos do tecido mole e a satisfação do paciente são considerados os parâmetros transformadores na prática clínica, portanto, é óbvia a necessidade de obter resultados e parâmetros mesuráveis durante as terapias de manutenção.

Referências


1- Chackartchi T, Romanos GE, Sculean A. Soft tissue-related complications and management around dental implants. Periodontol 2000 2019;81(1):124-38.
2- Roccuzzo M, Grasso G, Dalmasso P. Keratinized mucosa around implants in partially edentulous posterior mandible: 10-year results of a prospective comparative study. Clin Oral Implants Res 2016;27(4):491-6.
3- Kaddas C, Papamanoli E, Bobetsis YA. Etiology and treatment of peri-implant soft tissue dehiscences: a narrative review. Dent J (Basel) 2022;10(5):86.
4- Mazzotti C, Stefanini M, Felice P, Bentivogli V, Mounssif I, Zucchelli G. Soft-tissue dehiscence coverage at peri-implant sites. Periodontol 2000 2018;77(1):256-72.
5- Frizzera F, Oliveira GJPL, Shibli JA, Moraes KC, Marcantonio EB, Marcantonio Junior E. Treatment of peri-implant soft tissue defects: a narrative review. Braz Oral Res 2019;33(suppl.1):e073.
6- Sanz-Martín I, Regidor E, Navarro J, Sanz-Sánchez I, Sanz M, Ortiz-Vigón A. Factors associated with the presence of peri-implant buccal soft tissue dehiscences: a case-control study. J Periodontol 2020;91(8):1003-10.
7- Roccuzzo M, Dalmasso P, Pittoni D, Roccuzzo A. Treatment of buccal soft tissue dehiscence around single implant: 5-year results from a prospective study. Clin Oral Investig 2019;23(4):1977-83.
8- Zucchelli G, Barootchi S, Tavelli L, Stefanini M, Rasperini G, Wang HL. Implant soft tissue dehiscence coverage esthetic score (IDES): a pilot within- and between-rater analysis of consistency in objective and subjective scores. Clin Oral Implants Res 2021;32(3):349-58.
9- Kan JY, Rungcharassaeng K, Lozada JL, Zimmerman G. Facial gingival tissue stability following immediate placement and provisionalization of maxillary anterior single implants: a 2- to 8-year follow-up. Int J Oral Maxillofac Implants 2011;26(1):179-87.
10- Zucchelli G, Mazzotti C, Mounssif I, Mele M, Stefanini M, Montebugnoli L. A novel surgical-prosthetic approach for soft tissue dehiscence coverage around single implant. Clin Oral Implants Res 2013;24(9):957-62.
11- Burkhardt R, Joss A, Lang NP. Soft tissue dehiscence coverage around endosseous implants: a prospective cohort study. Clin Oral Implants Res 2008;19(5):451-7.
12- Anderson LE, Inglehart MR, El-Kholy K, Eber R, Wang HL. Implant associated soft tissue defects in the anterior maxilla: a randomized control trial comparing subepithelial connective tissue graft and acellular dermal matrix allograft. Implant Dent 2014;23(4):416-25.
13- Cairo F, Barbato L, Tonelli P, Batalocco G, Pagavino G, Nieri M. Xenogeneic collagen matrix versus connective tissue graft for buccal soft tissue augmentation at implant site. A randomized, controlled clinical trial. J Clin Periodontol 2017;44(7):769-76.
14- Zeltner M, Jung RE, Hämmerle CH, Hüsler J, Thoma DS. Randomized controlled clinical study comparing a volume-stable collagen matrix to autogenous connective tissue grafts for soft tissue augmentation at implant sites: linear volumetric soft tissue changes up to 3 months. J Clin Periodontol 2017;44(4):446-53.
15- Zucchelli G, Tavelli L, McGuire MK, Rasperini G, Feinberg SE, Wang HL et al. Autogenous soft tissue grafting for periodontal and peri-implant plastic surgical reconstruction. J Periodontol 2020;91(1):9-16.
16- Thoma DS, Naenni N, Figuero E, Hämmerle CHF, Schwarz F, Jung RE et al. Effects of soft tissue augmentation procedures on peri-implant health or disease: a systematic review and meta-analysis. Clin Oral Implants Res 2018;29(suppl.15):32-49.