Editores da revista ImplantNews analisam as inúmeras possibilidades de uso do metaverso na Odontologia.
No momento em que eu, você e outros leitores desta revista estamos aqui, em diversos locais do mundo, centenas de programadores, UX designers, gente de mídia, profissionais de saúde mental etc. estão quebrando suas cabeças para entender como fornecer as melhores sensações de imersão no metaverso. Muitos ambientes de home office já funcionam no metaverso. Aqui, vale um parêntese: em qualquer lugar do mundo, para haver uma sensação de imersão, é preciso respirar, comprar, incorporar e viver. Para isso, empresas que faturam na casa dos seis a sete dígitos já estão comprando (e desenvolvendo) produtos no metaverso que tragam as mesmas sensações.
Mas, como esse universo será criado na Odontologia? Será que já não tem alguém fazendo algo? Seremos pegos de surpresa em alguma live, no melhor estilo “atualização de produtos de big techs”?
Dá até para imaginar o exemplo mais simples em nossas especialidades: apresentar ao paciente o que é o tratamento, na consulta inicial. Imagine: de qualquer ponto do planeta, através dos óculos, seu paciente escolhe um avatar (muito mais do que uma skin de videogame) e faz um tour imersivo para conhecer o consultório, você, seus assistentes e como vai funcionar o tratamento. Sem sair de casa, ele vencerá a timidez. Sem sair de casa, aos poucos, ele perderá o medo. Sem sair de casa, ele se esquecerá das experiências negativas.
Agora, pense nas possibilidades de ensino. Em uma sala virtual, de qualquer lugar do planeta, onde o tema da aula for “tratamento de superfície de implante”, pode-se começar com os alunos fazendo um passeio virtual (pelo que já ouvimos, o bacana é colocar os slides na parede e deixar os alunos caminharem pelo corredor), aprendendo como é o processo de usinagem dos implantes, “andando” pelas irregularidades micro e nanométricas do titânio, podendo “tocar” células inflamatórias no momento em que se posicionam na interface implante/osso e por aí vai. Os limites estarão na imaginação dos programadores.
Então, será o fim dos workshops/hands-on/credenciamentos? Não. É apenas uma transformação. Na Periodontia, por exemplo, vamos fazer cirurgias virtuais com uma excelente situação tátil, além de melhores anestesias, incisões, descolamentos de retalhos e excelentes suturas. O treinamento será revolucionado. Até procedimentos considerados de grande complexidade, como levantamento de seio maxilar e enxertos amplos – apresentados (e realizados) em um sistema de acertos e erros – irão acelerar nossa curva de aprendizado.
E na Prótese Dentária? Não será mais preciso “desenhar”, pois as diferenças entre as próteses e suas indicações serão finalmente compreendidas. Pense em como esse universo mudará quando conseguirem simular virtualmente o que é um paciente ter a sensação de um dente preparado e uma coroa provisória em posição.
Por enquanto, a aplicação imediata está no setor de eventos. Por uma pequena taxa de inscrição, será possível retirar/alugar na sua associação odontológica preferida os tais óculos. Daí, entre um paciente e outro, daremos um “rolê virtual” pela feira para fazer nossos pedidos ou compras. O dia será mais produtivo.
Paulo H. O. Rossetti
Editor científico de Implantodontia.
Orcid: 0000-0002-0868-6022
Antônio Wilson Sallum
Editor científico de Periodontia.
Orcid: 0000-0002-7158-984X
Marco Antonio Bottino
Editor científico de Prótese Dentária.
Orcid: 0000-0003-0077-3161