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Aumento horizontal do rebordo alveolar com substituto ósseo particulado associado à malha de titânio

Sérgio Scombatti traz caso clínico bem sucedido com uso do protocolo de substituto ósseo particulado de origem xenógena, somado à malha de titânio.

A reconstrução do rebordo alveolar pode ser obtida com o uso de diferentes técnicas, incluindo enxertos ósseos em bloco e/ou particulados de origem autógena, homógena e heterógena, associados ou não a diversos tipos de membranas e moduladores biológicos1-2. Cada uma dessas técnicas apresenta suas particularidades, com vantagens e desvantagens, mas todas objetivam a formação de volume ósseo suficiente para a instalação de implantes em um posicionamento tridimensional adequado, proporcionando estética e função a longo prazo.

Um dos métodos que podem ser utilizados é a reconstrução do rebordo com biomateriais particulados. A utilização de substitutos ósseos particulados na reconstrução alveolar necessita da existência de uma arquitetura óssea remanescente que forneça um arcabouço para a acomodação desse enxerto, como defeitos ósseos em forma de bacia e de saboneteira. Outro fator a ser avaliado nos defeitos horizontais é a presença ou ausência de osso medular entre as corticais. Defeitos com presença de osso medular interposto apresentam prognóstico favorável, devido aos suprimentos celular e vascular presentes na porção medular. Além disso, faz-se necessário o uso de dispositivos para a proteção mecânica do enxerto particulado, como malhas de titânio.

Dentre os substitutos ósseos particulados, o mais estudado na literatura para este tipo de reconstrução é o osso bovino inorgânico. É um material obtido a partir de osso bovino que, após tratamento adequado para a remoção de componentes orgânicos potencialmente imunogênicos, mantém a estrutura microporosa natural e componentes minerais originais do tecido ósseo, os quais permitem sua absorção mediada por células3-4. Desse modo, apresenta propriedades osteocondutoras, servindo como arcabouço e mantenedor de espaço para a neoformação óssea5.

Um dos princípios básicos de qualquer procedimento de regeneração óssea guiada é a estabilidade mecânica do tecido neoformado durante o processo de regeneração. Desse modo, em enxertos particulados, é importante sua proteção por dispositivos que assegurem a manutenção do espaço e da posição do enxerto. Para este tipo de reconstrução do rebordo, o uso de malhas de titânio está indicado. A taxa de sucesso de reconstruções de rebordo com malhas de titânio é superior a 90%6, com ganhos médios de 4,91 mm e 4,36 mm, verticalmente e horizontalmente, respectivamente7. Além disso, as taxas médias de sucesso e sobrevivência de implantes instalados posteriormente nas áreas reconstruídas apresentaram valores elevados: 89,9% e 100%, respectivamente. Como ponto negativo dessa técnica, existe a possibilidade de exposição das malhas, com uma taxa média de exposição de 16,1% relatada na literatura, o que pode afetar a formação óssea7. A necessidade de lidar com essas complicações pode também estender o período de cicatrização, que normalmente varia de seis a oito meses.

Finalmente, é importante lembrar que as malhas de titânio possuem macroporosidades de tamanhos variados, que não funcionam como barreira aos tecidos indesejáveis (epitélio e conjuntivo gengival). Desse modo, existe a necessidade de usar uma membrana oclusiva às células por sobre o conjunto malha + substituto ósseo, para a realização de regeneração óssea guiada na área.

As Figuras 1 a 12 mostram um caso clínico em que o protocolo de substituto ósseo particulado de origem xenógena, somado à malha de titânio, foi utilizado com sucesso clínico na reconstrução horizontal do rebordo em área superior anterior.

Referências

  1. Bosemark P, Isaksson H, Mcdonald MM, Little DG, Tägil M et al. Augmentation of autologous bone graft by a combination of bone morphogenic protein and bisphosphonate increased both callus volume and strength. Acta Orthop 2013;84(1):106-11.
  2. Garcia J, Dodge A, Luepke P, Wang H-L, Kapila Y, Lin G-H. Effect of membrane exposure on guided bone regeneration: a systematic review and meta-analysis. Clin Oral Implants Res 2018;29(3):328-38.
  3. Souza SLS et al. Biomateriais na instalação de implantes osseointegrados. In: Sallum AW, Cicareli AJ, Querido MRM, Bastos Neto FVR. Periodontia e Implantodontia: soluções estéticas e recursos clínicos (1ª ed.). Nova Odessa: Napoleão, 2010. p.357-86.
  4. Souza SLS et al. Biomateriais usados em implantodontia. In: Bastos Neto FVR. Implantologia: Ciência e Prática (1ª ed.). Maringá: Dental Press, 2011. p.303-37.
  5. Norton MR, Odell EW, Thompson ID, Cook RJ. Efficacy of bovine bone mineral for alveolar augmentation: a human histologic study. Clin Oral Implants Res 2003;14(6):775-83.
  6. Corinaldesi G, Pieri F, Sapigni L, Marchetti C. Evaluation of survival and success rates of dental implants placed at the time of or after alveolar ridge augmentation with an autogenous mandibular bone graft and titanium mesh: a 3- to 8-year retrospective study. Int J Oral Maxillofac Implants 2009;24(6):1119-28.
  7. Rasia-Dal Polo M, Poli PP, Rancitelli D, Beretta M et al. Alveolar ridge reconstruction with titanium meshes: a systematic review of the literature. Med Oral Patol Oral Cir Bucal 2014;19(6):639-46.