You are currently viewing Aprendendo a observar objetivamente a face

Aprendendo a observar objetivamente a face

Maristela Lobo mostra como as fotografias podem ser ferramentas poderosas para o aprendizado sobre referências métricas faciais importantes.

Na última coluna publicada, falei sobre a importância da fotografia como ferramenta diagnóstica bidimensional. E é justamente a partir das fotografias que iniciaremos o aprendizado sobre referências métricas faciais importantes: pontos, linhas, áreas e ângulos. Tais referências nos serão úteis na análise métrica da face.

Vamos começar com alguns pontos antropométricos (cefalométricos e craniométricos) utilizados na Odontologia multidisciplinar. Esses pontos de referência específicos no crânio e na face (tecidos moles) são usados em Ortodontia, Cirurgia Bucomaxilofacial e outras áreas da Odontologia para avaliar as relações esqueléticas e dentárias, as proporções faciais e os padrões de crescimento, enriquecendo a percepção diagnóstica.

É importante certificar-se de que o paciente está sendo avaliado/ fotografado na posição natural da cabeça, em que o plano de Frankfurt se encontra totalmente paralelo ao solo, e a linha vertical verdadeira, que passa no ponto subnasal, está totalmente perpendicular ao solo (Figuras 1).

O primeiro ponto antropométrico facial – e talvez o mais importante – é a glabela, que é o ponto de maior projeção anterior quando o paciente está em perfil, localizado entre a fronte (testa) e o násio. Geralmente, está localizado no espaço compreendido entre as porções mediais das sobrancelhas e divide os terços superior e médio da face. O aspecto mais importante em relação a esse ponto é que a linha média da face passa por ele e, para obter a linha média, convém medir a distância linear entre as pupilas e obter metade do seu valor.

A linha média da face corresponde a uma linha vertical que passa no ponto glabela, exatamente na metade da distância interpupilar (Figura 2). A linha média da face não deve ser ditada por estruturas em tecidos moles que sofrem deslocamento e desvio, tais como ponta do nariz, filtro do lábio e/ou mento. Visto que toda linha é determinada por dois pontos, o ideal é determinar a linha média ligando o ponto G’ ao ponto Sn’. Nas Figuras 3, é possível observar os principais pontos da face em perspectivas frontal e lateral (perfil).

Por meio desses pontos principais, podemos obter medidas sobre distâncias e áreas. Veja a seguir alguns exemplos.

(1) Terço superior da face: distância entre tríquio (Tr’) e glabela (G’);
(2) Terço médio da face: distância entre glabela (G’) e subnasal (Sn’);
(3) Terço inferior da face: distância entre subnasal (Sn’) e mento (Me’);
(4) Largura da face: distância entre os pontos zigomáticos (Zy’) ou distância bizigomática;
(5) Largura do terço inferior da face: distância entre os gônios (Go’) ou distância bigoníaca;
(6) Largura do mento: distância entre os mentos laterais (MeL’);
(7) Altura da face: distância entre Tr’e Me’.

Assim como os pontos são importantes, as linhas verticais e horizontais nos ajudam a observar a face através de compartimentos e áreas, e verificar o alinhamento/desalinhamento de estruturas anatômicas da face (Figuras 4 e 5).

De uma maneira geral, quando consideramos uma face estética, proporcional e agradável, estamos observando uma percepção simétrica, alinhada e hierárquica de estruturas faciais que incluem o sorriso.

A partir da próxima coluna, aprenderemos como podemos medir as estruturas de maneira linear e angular, e identificar possíveis assimetrias que são naturais ao ser humano. Isso será feito em repouso e no sorriso, em perspectiva frontal e lateral (perfil). Vamos elucidando essas questões com calma e didática, e montando as colunas como um quebra-cabeças.