Pacientes hipervigilantes com bruxismo: paciente relata desconforto com as coroas cerâmicas definitivas na região posterior. Como realizar casos com mais segurança?
Um paciente com histórico de bruxismo e fraturas dentais relata desconforto com as coroas cerâmicas definitivas que recebeu na região posterior, pois elas não estão na mesma altura que os provisórios. Como posso realizar esse tipo de caso com maior segurança?
Lídia Malmann (Estrela/RS)
Trata-se de uma situação rara, mas pode ocorrer em pacientes hipervigilantes que apresentem bruxismo com apertamento dentário em vigília e/ou disfunção temporomandibular. A reação à mudança oclusal é diferente entre as pessoas, indivíduos hipervigilantes em relação a sua oclusão apresentam um aumento na atividade da musculatura mastigatória com qualquer estímulo, seja uma nova restauração, coroas, prótese sobre implantes dentários e até Ortodontia, mesmo que estes não estejam provocando interferências.
Nestes casos, o indicado é o controle do apertamento dentário com lembretes ou aplicativos (exemplo: app Desencoste seus dentes), orientação cognitivacomportamental e controle de ansiedade multiprofissional. Também convém evitar mudanças bruscas do padrão oclusal entre esses pacientes. Se for necessário, realizar uma fase com restaurações provisórias para uma melhor adaptação das mudanças oclusais.
Uma sugestão é a realização de restaurações e próteses por segmentos e um criterioso ajuste oclusal, mas mesmo com estes cuidados podem ocorrer falhas, pois não são aspectos controláveis ou dependentes somente de fatores oclusais. Iremos exemplificar com um caso clínico este tipo de situação.
Caso Clínico
Paciente com 60 anos de idade, gênero feminino, sem alterações sistêmicas ou uso de medicações de uso contínuo, com histórico de bruxismo e apertamento dentário noturno e em vigília. A paciente utiliza placa interoclusal noturna e apresenta histórico de fraturas de restaurações cerâmicas em dentes posteriores.
Após a realização de coroas em dentes posteriores do lado direito e tratamento ortodôntico para correção de mordida cruzada, a paciente passou a apresentar hipervigilância e grande desconforto muscular e mastigatório. Ela relatou sobrecarga oclusal nos dentes anteriores e falta de suporte nos posteriores, apesar da presença de contatos oclusais avaliado com fitas de carbono ultrafinas de 12 micrômetros (Schimstock), não sendo observadas alterações clínicas significantes.
Como as queixas não diminuíram ao longo do tempo, foram realizadas novas próteses provisórias, que foram ajustadas até promover conforto à paciente. Posteriormente, foi realizada a substituição por segmentos das coroas provisórias por novas coroas cerâmicas finais, conforme mostramos nas imagens a seguir.
Eduardo Miyashita
Professor titular do Depto. de Odontologia, disciplina de Prótese Dental – Unip/SP; Doutor em Odontologia Restauradora – Unesp/SJC.
Orcid: 0000-0002-1098-714X.