Reabilitações totais guiadas: Diogo Viegas e equipe apresentam protocolo visual que demonstra o algoritmo de planejamento e cirurgia até a provisionalização.
Quase 60 anos após a descoberta da Osseointegração, planejar e executar próteses implantossuportadas em Reabilitação Oral continua sendo um processo evolutivo. A realidade dos pacientes contemporâneos mudou. Há 50 anos, existiam muito mais pacientes edêntulos em comparação aos dias atuais. Mesmo considerando os casos de periodontite crônica, atualmente existe uma cultura clínica muito mais conservadora, voltada para a manutenção dos elementos naturais pelo máximo de tempo possível.
Essa tendência pode ter um impacto na opção clínica por uma reabilitação total sobre implantes. Ao contrário do que acontecia há 20 anos, os pacientes já não chegam desdentados à consulta. A quantidade de portadores de próteses totais removíveis vem diminuindo e essa tendência deve se manter no futuro. A indústria estabeleceu o seu protocolo padrão para colocar implantes de forma guiada, com planejamento reverso nessas situações. Isso permitiu, há cerca de 20 anos, partir de uma prótese ideal e utilizá-la como referência para colocar implantes na estrutura óssea disponível, projetando a prótese fixa sobre implantes. Ainda que existissem algumas limitações, esse protocolo é utilizado até hoje e, no seu tempo, foi considerado revolucionário.
Hoje, a maioria de pacientes que vêm à consulta em uma situação de transição para uma prótese total sobre implantes (uni ou bimaxilar) chega em uma situação em que ainda têm na boca alguns dos seus dentes naturais. Ocasionalmente, esses dentes já passaram por grandes ou múltiplas restaurações, com maior ou menor mobilidade, coexistindo, por vezes, com uma prótese parcial. Ou seja, os fluxos antigos já não servem mais para resolver esses casos.
Os pacientes vêm ao nosso consultório ainda com os seus dentes e pedem que a mudança seja rápida, fixa e segura. É claro que as variáveis são numerosas e o resultado final de cada trabalho pode ficar muito distante dos tratamentos estéticos alardeados nas redes sociais. A verdade é que tanto para clínicos como para TPDs, a reabilitação total sobre implantes existe dentro de uma espécie de limbo povoado de incertezas. Da posição estética da prótese provisória pré-cirúrgica até a redução óssea, passando pela posição e estabilidade implantar, acabando na oclusão do provisório, a fase de transição e o dia da cirurgia são passos revestidos de estresse para toda a equipe.
Assim, o meu interesse em explorar as ferramentas digitais e ultrapassar esta zona cinzenta nasceu da necessidade de reduzir a pressão em dias de cirurgia. Para que o processo seja mais seguro e tranquilo para todos, parece ser mais lógico e eficaz segmentar as reabilitações totais em duas fases: planejamento, quando tudo é pensado; e execução, quando o planejamento é transferido para o paciente.
Reabilitações totais guiadas: protocolo visual a seguir demonstra o algoritmo de planejamento e cirurgia até a provisionalização. A fase de transferência para o provisório tem várias opções, sendo que, neste caso, a prótese provisória foi pré-fresada e unida a cilindros pela técnica pick-up no dia da cirurgia.
Caso clínico
Reabilitação total guiada da maxila
Coordenação da coluna:
Diogo Miguel da Costa Cabecinha Pacheco Viegas
Pós-graduado e técnico em Prótese Dentária, doutorando em Ciências da Reabilitação Oral e professor assistente convidado de Prótese Fixa e Reabilitação Oral – Faculdade de Medicina dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL), em Portugal.
Orcid: 0000-0002-6545-7875.
Autores convidados:
João Fonseca
Pós-graduado em Ciências Dentárias Avançadas de Oclusão pela Universidade de Danube (Viena, Áustria); Mestre em Medicina Dentária – ESSEM – Lisboa (Portugal); Cofundador da Digital4all.
André Simões
Pós-graduação em Medicina Dentária Restauradora – ESSEM – Lisboa, Portugal; Cofundador da Digital4all.
João Pedro Antunes Rodrigues Fernandes
Técnico em prótese dentária – ESSEM – Lisboa, Portugal; Sócio gerente da DMT – Dental Milling Technology.