Ivete Sartori dá dicas importantes e apresenta método para obter a montagem de diagnóstico.
Pacientes desdentados maxilares têm buscado a substituição de suas próteses removíveis por próteses fixas implantossuportadas. O alto índice de sucesso desse tipo de tratamento respalda sua indicação e tem feito com que cada vez mais pessoas desejem se submeter a esse tipo de tratamento, o que também tem feito crescer o número de profissionais que oferecem esse tipo de terapia. No entanto, apesar das vantagens presentes, há também fatores a serem controlados. É necessário que os casos reabilitados sejam acompanhados, que técnicas de higienização sejam ensinadas e conferidas periodicamente para que os implantes, tecidos orais e próteses se mantenham saudáveis ao longo do tempo.
Recomenda-se que as próteses sejam do tipo parafusadas, para que possam ser periodicamente removidas, higienizadas e controladas. O formato interno dado à prótese deve permitir a correta higienização e impedir a passagem de ar, para que seja confortável durante a fonética. Assim sendo, toda a parte interna (que faz contato com o rebordo) deve ser convexa e estar em contato bem efetivo com o rebordo em toda a extensão da prótese.
Deve-se conferir o formato com fio dental antes da entrega. É indicado que o fio tenha a possibilidade de acessar toda a área interna durante a manobra de limpeza, para garantir a efetividade da mesma, e isso deve ser mostrado ao paciente (Figura 1).
A contraindicação de formatos de pônticos em sela é bastante conhecida na prótese fixa e, com certeza, todos os profissionais receberam esse ensinamento durante sua formação. Sendo assim, não é possível entender o fato disso acontecer na Implantodontia. É muito grande o número de casos que recebem próteses com formatos internos côncavos. Normalmente, nos deparamos com formatos errados quando removemos próteses para controle (Figura 2). Esses formatos geralmente estão associados à muita hiperemia tecidual (Figura 3), havendo casos já associados a grandes perdas ósseas peri-implantares – fato que muito intriga.
A justificativa dada para o uso desse tipo de desenho é “oferecer suporte labial”. No entanto, ela não pode ser aceita, uma vez que coloca em risco todo o trabalho. Dentro dessa problemática, compreende-se que só podem receber próteses fixas implantossuportadas casos que não dependem da presença do flange vestibular da prótese para estética labial. Todos os casos devem ser compreendidos em relação a esse quesito antes que recebam os implantes. Existem dois métodos descritos para fazer esse diagnóstico: 1. Duplicar a prótese total (PT) do paciente e remover o flange vestibular; 2. Realizar uma montagem de dentes em uma base de prova sem flange.
No comparativo entre os dois métodos, consideramos ser sempre mais vantajoso o segundo. Quando duplicamos uma PT existente, existe um grande risco do paciente apresentar falta de suporte labial, pois o profissional que idealizou aquela prótese realizou o planejamento em uma base de prova que continha flange. Quando utilizamos o segundo método, como no momento do ajuste do plano de cera já estamos sem flange, é possível que se faça o melhor com a cera, observando o lábio. Desta forma, é maior a chance de obtenção de suporte. Além disso, essa montagem já adiantará a futura prótese que será implantossuportada. Se o paciente concordar com o plano de tratamento, essa montagem será duplicada e se tornará o guia cirúrgico.
Método para obter a montagem de diagnóstico:
1. Realizar uma boa moldagem anatômica do rebordo. Essa deve copiar toda a área chapeável (Figura 4);
2. Solicitar ao técnico uma base de prova sem flange no setor anterior e plano de cera;
3. Ajustar o plano de cera em boca, seguindo todos os requisitos de ajuste de plano de cera para confecção de PT (Figura 5);
4. Montar o caso em ASA (articulador semiajustável) e fazer a escolha dos dentes de estoque;
5. Realizar a prova funcional em boca (Figura 6).
Na próxima coluna, abordaremos a análise dessa montagem em relação ao diagnóstico do suporte labial e como ela é utilizada para diagnóstico do tipo de prótese que poderá ser considerada a melhor opção para ser oferecida ao paciente.
Ivete Sartori
Mestra e doutora em Reabilitação Oral – Forp/USP; Professora dos cursos de especialização em Implantodontia – Fundecto-USP/SP, dos cursos de mestrado e doutorado da Faculdade Ilapeo, dos cursos de aperfeiçoamento em Implantodontia da APCD (Bauru) e da Clínica Mollaris, em Portugal.
Orcid: 0000-0003-3928-9430.