Elcio Marcantonio Jr e Ísis Balderrama apontam que a preservação alveolar tem demonstrado ser a conduta clínica mais indicada após a exodontia.
A exodontia leva a um processo de reabsorção no rebordo alveolar que pode dificultar uma posterior reabilitação da área com os implantes dentários. Após a exodontia, uma remodelação alveolar será iniciada. Estudos científicos em modelo pré-clínico afirmam que cerca de 35% do volume do alvéolo é perdido após a exodontia1-2, assim como estudos clínicos demonstram uma perda de 50% do rebordo após a exodontia, ultrapassando uma medida de 4 mm de redução horizontal nos primeiros seis meses3-4.
O osso remanescente após a exodontia pode ser posteriormente insuficiente para a instalação de implantes dentários, o que, caso haja opção pela instalação, pode gerar sérias complicações estéticas e funcionais. A abordagem de preservação do alvéolo pode ser realizada a fim de evitar uma futura reabsorção tecidual. Esta opção tem sido uma abordagem terapêutica melhor indicada. Além disso, é aconselhado que se realize extrações minimamente invasivas com instrumentais delicados, a fim de diminuir a perda óssea alveolar que ocorre após a exodontia.
A preservação da arquitetura alveolar irá depender da manutenção de suas paredes após a cicatrização, que é facilitada por meio da aplicação de material de enxertia5. Alterações após a exodontia ocorrem pela reparação do alvéolo mesmo no uso de enxertia na área, onde o coágulo sanguíneo irá direcionar todo o processo de remodelação óssea. Podemos classificar em três fases as alterações de remodelação óssea após a exodontia, iniciando-se pela fase inflamatória, seguida da fase proliferativa e, por fim, da fase de modelação, isto é, remodelação óssea6.
Dados científicos demonstram que, após a exodontia, uma redução horizontal do rebordo alveolar pode variar entre 2,6 e 4,6 mm7. A fim de evitar essa extensão de remodelação óssea, o procedimento de preservação alveolar é a abordagem terapêutica mais indicada. Estudos mostram que, ao optar pelo procedimento de preservação alveolar, a redução da perda óssea ocorre entre 0,5 mm e 1,5 mm8.
Em casos nos quais existam um defeito na parede alveolar, indica-se a colocação do material de enxerto e membranas, a fim de evitar que ocorra alguma dificuldade na instalação futura dos implantes. Há evidências científicas de que, quando ocorre a preservação alveolar com a associação de enxerto e membrana, há uma maior formação óssea e preservação da arquitetura óssea9. Diante disso, a preservação alveolar tem demonstrado ser a conduta clínica mais indicada após a exodontia, assim como os alvéolos devem ser avaliados quanto à sua classificação para um melhor prognóstico do caso clínico. Os alvéolos podem ser classificados em três tipos:
Tipo 1: quando os tecidos ósseo e gengival estão íntegros.
Tipo 2: quando existe a presença de um defeito ósseo vestibular, mas a margem gengival está adequadamente posicionada.
Tipo 3: presença de um defeito ósseo combinado à recessão gengival na face vestibular10.
O paciente é afetado pela perda de um elemento dentário, podendo gerar alterações estéticas e funcionais, além de comprometer a qualidade de vida do mesmo. O especialista deve planejar o caso clínico e, quando indicada a exodontia, a preservação do alvéolo é a conduta clínica mais indicada na literatura científica.
Referências
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- Elian N, Cho SC, Froum S, Smith RB, Tarnow DP. A simplified socket classification and repair technique. Pract Proced Aesthet Dent 2007;19(2):99-104.
Coordenação:
Elcio Marcantonio Jr.
Professor titular das disciplinas de Periodontia e Implantodontia, e coordenador do curso de especialização em Implantodontia – FOAr/Unesp; Professor colaborador do Ilapeo.
Orcid: 0000-0002-9660-4524.
Autora convidada:
Ísis de Fátima Balderrama
Cirurgiã-dentista – PUC/PR; Especialista em Periodontia e mestra em Reabilitação Oral – FOB/USP; Estágio no Depto. de Periodontia – Universidade de Malmö, Suécia; Doutoranda em Implantodontia – FOAr/Unesp.
Orcid: 0000-0002-8606-9054.