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Em 2005, Brånemark esteve presente no Anhembi para impulsionar a Implantodontia brasileira ao primeiro patamar mundial.

IN: uma jornada de excelência na Implantodontia

Honrando o legado de Per-Ingvar Brånemark, o IN – Latin American Osseointegration Congress cresceu e transformou-se no melhor evento de Reabilitação Oral da América Latina. Conheça a trajetória do congresso, que nasceu de uma iniciativa da revista ImplantNews e chega à sua 11ª edição com fôlego para ir além.

Por João de Andrade Neto

Ao adentrarem o portão principal do Distrito Anhembi entre os dias 24 a 27 de setembro, os profissionais da Reabilitação Oral com implantes serão imediatamente impactados por um evento de nível internacional, que oferece uma programação diversificada baseada em evidências científicas, avanços e tendências de tecnologias. Tudo isso em um espaço amplo para a conexão dos participantes, cumprindo o propósito de ser a melhor oportunidade de atualização profissional nas diversas áreas para uma Odontologia integrada.

Estes são alguns dos diferenciais já conhecidos por congressistas, empresas expositores e speakers envolvidos com o IN – Latin American Osseointegration Congress, considerado um evento importante no âmbito da América Latina. Reunindo o mundo da Reabilitação Oral a cada dois anos, o IN comemora 18 anos de uma história rica, construída com debates de tendências, embasamento científico e estímulo ao desenvolvimento do setor.

A revista ImplantNews narra a trajetória do congresso desde os projetos embrionários, passando pelos eventos preparatórios e todo o processo de desenvolvimento, até culminar em sua consagração como o grande palco da Implantodontia e, depois, de toda a Reabilitação Oral. Nesta jornada, destacamos o surgimento do evento a partir de uma iniciativa da ImplantNews, a brilhante contribuição de P-I Brånemark, os diferentes palcos, o amadurecimento dos temas e as curiosidades destas 11 edições.

OS PRIMEIROS PASSOS

A primeira edição do IN Congress aconteceu em 2006, mas o sonho de um grande congresso para a comunidade da Reabilitação Oral nasceu muito antes. Na década de 1980, o Brasil já contava com entidades, como a Apio (Associação Paulista de Implantologia Oral), que organizavam eventos para discutir e disseminar a prática dos implantes dentários, ainda que com taxas de sucesso muito abaixo das observadas hoje.

Paralelamente, em 1982, um evento realizado em Toronto, no Canadá, foi o palco para o médico sueco Per-Ingvar Brånemark apresentar uma solução testada e comprovada cientificamente para a realização dos implantes dentários contemporâneos. O pesquisador apresentou uma solução completa composta de um livro com a pesquisa e casuística com mais de três mil pacientes reabilitados, acompanhados por mais de 15 anos de estudos, condição que confirmou que a descoberta do princípio da osseointegração não era uma teoria, mas um fato.

Brånemark esteve no Brasil pela primeira vez em 1988, apresentando-se no antigo Congresso Paulista de Odontologia da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), que hoje conhecemos como Ciosp. Naquele que foi considerado um ponto de partida histórico para a Implantodontia brasileira, o pai da Osseointegração compartilhou conhecimentos e detalhou a sua técnica cirúrgica com foco na reconstrução protética.

Na mesma época, muitos profissionais brasileiros buscaram o credenciamento na técnica de Brånemark na Suécia e, imediatamente, trouxeram esses conhecimentos para o Brasil, impulsionando seu desenvolvimento.

A Implantodontia foi reconhecida como especialidade pelo Conselho Federal de Odontologia em 1992, passando a viver um momento promissor. O diretor da VMCom, Haroldo Vieira, já acumulava longa experiência na organização de eventos sobre os implantes precursores e decidiu investir na produção de conteúdo segmentado para a atualização dos implantodontistas.

“No início dos anos 2000, entendemos que estava sendo criado um espaço para uma publicação científica regular divulgando os avanços clínicos da nova Implantodontia. Assim, em 2004, nasceu oficialmente a revista ImplantNews, que hoje é uma das mais consagradas publicações regulares da especialidade em todo o mundo. A revista era o pontapé inicial para uma produção de conteúdo completa, em uma estratégia que já previa a organização de eventos como o IN”, conta Vieira.

A ImplantNews estreou em 2004 já com seis edições anuais, publicando artigos científicos, colunas assinadas por renomados profissionais e coberturas jornalísticas sobre o segmento, além de abrir espaço para empresas mostrarem seus produtos e serviços.

O sucesso foi instantâneo entre leitores e empresas anunciantes. Desde então, a revista segue ativa e com publicação ininterrupta, conectando todos os players da Reabilitação Oral brasileira há 20 anos. Até hoje, foram 127 edições, 1.355 artigos científicos publicados de quase 6.000 autores e mais de 1 milhão de exemplares distribuídos, transformando a ImplantNews na mais importante publicação do segmento.

Haroldo Vieira destaca a relevância da revista no contexto da atualização profissional, especialmente em tempos que pedem informação validada e um criterioso embasamento científico. “É importante valorizar a ImplantNews como fonte geradora de conteúdo de qualidade. Se não existisse a revista, com sua produção contínua e propósito de contribuição científica, não existiria hoje um evento tão bem-sucedido quanto o IN”, finaliza.

EVENTOS ANTERIORES SERVIRAM DE REFERÊNCIA

Antes da criação do IN, alguns eventos ajudaram a moldar os caminhos. Entre eles, três edições do congresso de Osseointegração da APCD, que contaram com a coordenação de Luiz Antonio Gomes, um dos fundadores da revista ImplantNews e peça fundamental para o sucesso inicial do IN.

Além deles, outros congressos também prepararam o ambiente para a chegada definitiva do IN. “Em 2003, nós organizamos o primeiro evento de Osseointegração com Brånemark, em Santos (SP). No mesmo ano, realizamos mais um evento em Bauru (SP), já com a presença de mais de 30 expositores. Esses passos foram importantes para acumular experiência e criar uma visão de que tratava-se de um mercado promissor”, relata Vieira.

Figura essencial neste cenário de desenvolvimento da Implantodontia, Brånemark começou a realizar cirurgias no Brasil em 1991, em Bauru. Ele vinha duas a três vezes por ano para auxiliar no tratamento de pacientes mais complexos. Certo dia, em conversa com o implantodontista Laércio Vasconcelos, o médico relatou que estava pronto para mudar-se para o Brasil, causando surpresa no colega e no mundo. “A decisão de vir ao Brasil aconteceu porque Brånemark sabia que teria suporte para continuar suas pesquisas clínicas. Particularmente, acredito que ele tenha vindo para realizar cirurgias em pacientes fissurados, já que o primeiro paciente que ele operou, em 1965, era fissurado. Como não existem muitos pacientes assim na Suécia, ele veio ao Brasil por saber dos problemas da população”, conta Vasconcelos, um dos pioneiros da técnica de implantes no Brasil, amigo pessoal e parceiro de trabalho de Brånemark por mais de 20 anos.

Em 2005, o médico sueco surpreendeu o mundo novamente ao escolher o Brasil, e não Gotemburgo, como sede do evento de comemoração pelos 40 anos da descoberta do princípio da osseointegração. Desta forma, Brånemark juntou-se a Laércio Vasconcelos e Haroldo Vieira na organização de um evento de nível internacional, com uma grade científica composta quase exclusivamente por ministradores estrangeiros, algo raro até então.

“Nós organizamos o evento no Anhembi que, na época, estava deteriorado. Mas era o espaço possível para um evento com milhares de pessoas vindas do Brasil e de mais de 40 países. A grade científica foi diferente do que estávamos acostumados, já que a Osseointegração não diz respeito somente a dentes”, explica Laércio Vasconcelos. “Organizamos um congresso grandioso, o primeiro congresso de Implantodontia deste porte. Foi também um grande sucesso comercial para as empresas expositoras que, até hoje, não ficam de fora de eventos como o IN. Desta forma, podemos dizer que o IN é resultado do evento de comemoração dos 40 anos da Osseointegração”, complementa.

IN
Laércio Vasconcelos, Francischone e P-I Brånemark na comemoração dos 40 anos da Osseointegração, em 2005.


ENFIM, O IN

Neste contexto promissor para a Implantodontia, em novembro de 2006, Haroldo Vieira e a VMCom lançaram o “Encontro Internacional de Leitores ImplantNews”, uma iniciativa apoiada no sucesso científico da revista. Esta foi considerada a primeira edição do IN e, diferente do que ocorre hoje, teve apenas dois dias de duração. O palco escolhido foi o Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, que recebeu cerca de 600 profissionais da Implantodontia. A coordenação ficou por conta de Luiz Antonio Gomes, que já tinha experiência no cargo e comandou as três primeiras edições.

A programação científica contou com grandes nomes da Implantodontia brasileira. O cirurgião-dentista Paulo Henrique Orlato Rossetti, que hoje é editor científico da revista ImplantNews, esteve presente na primeira edição. “Diante de todo o respaldo e literatura, o Brasil vivia o seu ‘boom’ de novos sistemas e empresas, e os assuntos fervilhavam, com discussões acaloradas entre as filosofias. Eu via o entusiasmo nos olhos de muita gente que tinha as mesmas percepções: a prática da prótese estava sendo transformada com o uso dos implantes dentários”, recorda.

O evento também trouxe importantes mudanças no formato tradicional. Entre eles, está a premiação para os trabalhos científicos, um estímulo que a pós-graduação precisava para ampliar a produção de conteúdo, além da produção de um livro oficial abordando as principais temáticas de cada edição.

Com grande repercussão, naturalmente foi criado o clima para a segunda edição, já no ano seguinte, contando com mais participantes, mais empresas e uma maior aprovação. Já em 2008, Paulo Rossetti assumiu a coordenação da grade científica internacional, que tinha mais obstáculos para contar com palestrantes estrangeiros. “Na época, existia uma lista entre oito e dez convidados internacionais. Estiveram no evento cinco palestrantes presenciais e mais um por videoconferência, ainda sem uso de tecnologias avançadas”, conta Rossetti.

Os palcos do IN foram importantes para dar espaço ao crescimento de importantes nomes da Implantodontia brasileira que surgiam. É o caso de Guaracilei Maciel Vidigal Jr, que estreou na grade científica do evento em 2008 e, desde então, participa de todas as edições como ministrador. “O IN foi fundamental na minha formação profissional e também marcou a Implantodontia e o seu desenvolvimento, por oferecer a possibilidade de assistirmos aos professores que construíram os alicerces da especialidade que conhecemos hoje, como P-I Brånemark e Tomas Albrektsson, além do contato com grandes mestres da Reabilitação Oral brasileira em salas de aula e nos corredores”, detalha o professor de Implantodontia.

NOVO PALCO PARA UMA NOVA ERA

Em 2009, a comemoração dos 20 anos da vinda de Brånemark ao Brasil foi o pano de fundo para uma importante mudança. Após três anos como “Encontro Internacional de Leitores ImplantNews”, o evento finalmente recebia o seu nome definitivo: IN – Latin American Osseointegration Congress, com a força suficiente para capitanear essa fase que se iniciava. A casa escolhida para a nova etapa foi o Anhembi, já que o Rebouças não era mais capaz de comportar um congresso daquela magnitude.

O IN 2009 trouxe consigo uma série de novidades. A partir daquela edição, o congresso passava a ser bienal, especialmente para dar vazão à renovação científica. Havia mais espaço para receber os agora 4.000 congressistas, além de ampliar a exposição comercial, que passou a ser referência mundial. Na grade científica, novas mudanças. “A partir do IN 2009, as aulas passaram a ter duas horas, e introduzimos as mesas-redondas com quatro horas de duração, mesclando nomes nacionais e internacionais, com tradução simultânea. Esta edição teve a participação de 12 convidados estrangeiros”, conta Rossetti.

Presidente do IN 2009, Laércio Vasconcelos lembra com carinho da edição. “O IN sempre foi um dos maiores congressos do mundo, um palco de discussão científica, com profissionais em destaque nacional e internacional”, registra Vasconcelos, que já notava a grandiosidade do evento. “Naquela altura já era perceptível que o IN assumia o papel que era do Congressão da APCD no passado: o evento que todo implantodontista deseja participar”, complementa.

Dois anos depois, o congresso ganhava ainda mais projeção internacional, e trocava momentaneamente de palco, sendo realizado no Expo Center Norte. Sob a presidência de Hugo Nary Filho, o congresso contou com a participação de 15 ministradores estrangeiros. Ainda no IN 2011, foi possível identificar uma importante tendência que hoje entendemos mais claramente: a Implantodontia mesclava-se cada vez mais com a Periodontia, e a Prótese Dentária caminhava rumo à Estética. Além disso, a tecnologia passou a estar mais presente na rotina clínica, com avanços visíveis, inclusive nas próteses, que começaram a ser projetadas digitalmente.

O IN 2013 também aconteceu no Expo Center Norte e teve César Arita como presidente. Sob o tema “Implantodontia clínica de alta performance”, a edição apresentou um crescimento de 20% nas atividades que compuseram a programação científica.

Após duas temporadas no Expo Center Norte, o congresso voltava definitivamente para o Anhembi. No entanto, a organização do IN 2015 começava de forma triste. Em dezembro de 2014, falecia P-I Brånemark, aos 85 anos, justamente na véspera da edição que celebraria os 50 anos da Osseointegração.

Paulo Rossetti foi o presidente do IN 2015, edição em que já era perceptível uma mescla entre as novas gerações e as mais antigas entre os congressistas. “Naquela edição, trouxemos os principais nomes da Periodontia, Prótese Dentária e Implantodontia, com 16 estrangeiros e diversos lançamentos de livros. Criamos as sessões Masterclass, que não se pareciam com as mesas-redondas, já que eram duplas ou trios simultâneos nos palcos”, explica Rossetti.

O IN 2015 comemorou os 50 anos da descoberta da osseointegração.


A CHEGADA DEFINITIVA DO DIGITAL

O IN 2017, sob a presidência de Mario Groisman, trouxe como tema central a “Implantodontia 4.0”, desempenhando um papel fundamental ao capacitar cirurgiões-dentistas a liderarem esse processo de transformação. Nesta edição, foi possível identificar um grande crescimento das atividades de Prótese Dentária, englobando fluxos digitais e mais ferramentas tecnológicas. “Diversos palestrantes internacionais foram convocados para tratar de cirurgia guiada, tecnologias CAD/CAM e novas formulações para zircônias monolíticas, além de materiais compósitos e bases de titânio que se mostravam tendência nas próteses sobre implantes”, explica Paulo Rossetti.

Dario Adolfi foi o presidente do IN 2019, que possibilitou uma nova forma dos mestres conversarem com as novas gerações. Assim estrearam as Aulas Magnas, formato que foi um sucesso e se mantém até hoje na programação científica. Esta edição protagonizou novos rumos da especialidade relacionados aos fluxos de trabalho digitais. “Os speakers mostraram como os novos materiais estéticos seriam integrados aos fluxos de trabalho analógico e digital. As novas propostas para carga imediata também ressignificaram este tópico. No campo da Cirurgia, a osseodensificação surgia como um grande trunfo para reduzir a morbidade das cirurgias invasivas e melhorar a estabilidade do implante”, explica Rossetti.

Pouco depois do IN 2019, a pandemia de Covid-19 deixou o mundo em pânico e impossibilitou a realização dos eventos presenciais em 2021, encerrando uma importante sequência de edições a cada dois anos. Com o controle da pandemia, foi possível planejar o IN22, que regressou com casa cheia e muita emoção no reencontro de ministradores, congressistas e organizadores. As medidas de proteção seguiam intensas, com o uso de máscaras e álcool em gel, mas já era possível acompanhar o que havia de novo. A orquestra ficou sob a condução do presidente Francisco Todescan.

O PRESENTE E O FUTURO DO IN

Presidido por José Cicero Dinato, o IN24 receberá, entre os dias 24 e 27 de setembro, mais de 5.000 participantes para debater o que há de mais novo na Reabilitação Oral, discutindo possibilidades e trilhando um caminho de excelência para o futuro, agora com amplo impacto da tecnologia digital. Ao todo, são mais de 300 atividades comandadas por mais de 200 speakers de 15 nacionalidades, que compartilham conhecimento nas mais diversas abordagens clínicas e científicas. Além dos formatos já tradicionais, o congresso terá a estreia de novas atividades, como o Digital Labs, o Meet and Greet e o INsights, visando ir mais a fundo na discussão e ampliar a experiência de networking dos participantes. Para complementar, a ExpoIN24 tem 100% da área ocupada por mais de 100 empresas. “Hoje, podemos falar tranquilamente que o IN é o maior congresso de Implantodontia do mundo”, exalta Haroldo Vieira.

Mas, como serão os eventos de Reabilitação Oral no futuro? É difícil projetar os caminhos exatos, mas é possível considerar a nova realidade: a tecnologia digital chegou de vez à prática clínica e deve ser protagonista desta nova fase. De acordo com Guilherme Saavedra, importante nome da Reabilitação Oral na atualidade, o futuro da especialidade passará invariavelmente pela tecnologia, principalmente na evolução dos softwares.

“A Odontologia do futuro será intelectual, em que a tomada de decisão será mais importante do que a execução. O software vai ser o cérebro da nossa profissão. Não há como retroceder, já que o benefício é muito grande, especialmente em diagnóstico. Os caminhos para executar a profissão estão mudando. Não é o conceito biológico que vai ser aperfeiçoado com novas descobertas, mas sim a evolução técnica e dos materiais que permitirá uma Odontologia cada vez mais previsível e confortável para o paciente, além de tornar-se mais acessível”, descreve Saavedra.

Neste contexto digital, é certo que os congressos de Reabilitação Oral estarão cada vez mais tecnológicos e com abordagens amplas. “Acredito que o futuro do IN será integrativo, não apenas para especialistas de Implantodontia, Periodontia e Prótese, mas com a entrada dos clínicos gerais e outros especialistas, além da inclusão de inteligência artificial e machine learning, já que os profissionais têm feito cada vez mais procedimentos abrangentes”, prevê Saavedra.

A tendência é corroborada por Haroldo Vieira Filho, hoje à frente desta realização. “Eu vejo um crescimento cada vez maior da Reabilitação Oral com a democratização da Odontologia Digital, já que os procedimentos serão melhores descritos e informados. O papel do IN sempre será aproximar as pessoas, ser a interface entre tecnologias novas e técnicas para reabilitações protéticas dos cirurgiões-dentistas brasileiros”, finaliza.