Caso clínico traz cirurgia de aumento de coroa clínica associado ao uso do biovolume de PMMA impresso utilizando a tecnologia 3D.

Na atualidade, o apelo estético tem influenciado na busca de um sorriso ideal. O sorriso estético é caracterizado pela relação harmoniosa entre tecidos gengivais, lábios e dentes, determinada por uma posição dinâmica dos lábios que varia de acordo com o grau de contração muscular e o perfil labial¹.

Diferentes condições de desenvolvimento ou adquiridas podem afetar algumas estruturas e causar insatisfações. Dentre elas, o sorriso gengival caracteriza-se pela exposição gengival² maior do que 3 mm e afeta aproximadamente 10% da população entre 20 e 30 anos^3-4.

O sorriso gengival está associado a diversas etiologias, como crescimento vertical da maxila, extrusão dentoalveolar, lábio superior curto, hiperatividade do lábio superior, erupção passiva alterada – movimento da margem gengival até a porção da junção cemento-esmalte (JCE) no processo de erupção dentária –, erupção ativa alterada (movimento da erupção do dente dentro do rebordo alveolar até a cavidade bucal), hiperplasias gengivais e a combinação de vários fatores⁵. Em alguns casos, o lábio superior pode não ter suporte ósseo adequado na dinâmica do sorriso, encurtando-se ao alojar-se em uma depressão óssea no fundo de vestíbulo, sendo outra causa de sorriso gengival⁶.

Considerando os múltiplos fatores etiológicos e que suas ocorrências podem ser isoladas ou associadas, precisamos de um correto diagnóstico para traçar um plano de tratamento interdisciplinar e individualizado para cada caso. Dentre as técnicas utilizadas para esse fim, podemos destacar as cirurgias periodontais, as cirurgias ortognáticas, o tratamento ortodôntico e a aplicação de medicamentos^1,7-8.

O aumento estético de coroa clínica é o tratamento mais comum em casos de alteração de erupção passiva e deformidades esqueléticas pouco severas⁹. Em algumas situações, observa-se falta de suporte labial em função de uma depressão acentuada do processo anterior da maxila. Nestes casos, o aumento de coroa clínica estético pode ser associado ao reposicionamento labial com cimento cirúrgico ortopédico. O objetivo desta técnica de preenchimento da depressão subnasal com cimento é dar suporte e diminuir a movimentação do lábio, melhorando significativamente a estética do sorriso. O cimento ortopédico mais recomendado representa uma combinação de pó e líquido à base de polimetilmetacrilato (PMMA), que é utilizado há muitos anos na área médica para indicações ortopédicas¹⁰.

Com os avanços tecnológicos, uma nova abordagem utilizando o cimento de PMMA impresso em 3D foi descrita. A fabricação do PMMA customizado para cada paciente apresenta diversas vantagens, como ganho de tempo operatório, garantia da obtenção de propriedades físicas melhoradas, tais como resistência à compressão, ao impacto, ao cisalhamento e obtenção de uma polimerização completa. Além disso, a tecnologia descrita é simples e acessível11.

O relato do caso clínico apresentado descreve o tratamento realizado em uma paciente do sexo feminino com 33 anos de idade, cuja queixa principal era o excesso de exposição gengival, mesmo já tendo sido submetida à cirurgia periodontal de aumento de coroa estético. Após exames clínico, radiográfico e fotográfico, foi diagnosticada hipermobilidade labial associada à depressão subnasal (Figuras 1 a 5).

O planejamento foi realizado associando a tomografia com o escaneamento 3D da maxila para a criação individual e personalizada do biovolume de PMMA. O tratamento proposto foi a realização da cirurgia de aumento de coroa clínica associado ao uso do biovolume de PMMA impresso utilizando a tecnologia 3D (SliceLab – Soluções CAD/CAM).

O planejamento digital também permitiu o posicionamento ideal dos parafusos de fixação do biovolume, prevenindo danos às raízes dentárias (Figuras 6 a 11).

Esse relato clínico demonstrou que o uso do biovolume de PMMA impresso pode ser efetivo na resolução de casos que envolvam depressão subnasal associada à exposição excessiva de sorriso gengival. O acompanhamento clínico de 2,5 anos sugere satisfação estética e estabilidade de resultados (Figuras 12 a 16).