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Uso de superfícies hidrofílicas de implantes em áreas enxertadas

Através de modificações da superfície é possível encurtar o tempo necessário para alcançar a estabilidade secundária do implante e acelerar a absorção de proteínas na sua superfície.

A reabilitação protética implantossuportada em áreas estéticas é, ainda hoje, um desafio nos consultórios, seja pela exigência estética em si (que muitas vezes nos leva a cirurgias regenerativas ósseas mais complexas), seja pela ansiedade do paciente em obter resultados rápidos e satisfatórios.

Através de modificações da superfície, com o objetivo de melhorar a molhabilidade e as propriedades hidrofílicas do implante, é possível encurtar o tempo necessário para alcançar a estabilidade secundária do implante e acelerar a absorção de proteínas na sua superfície1. Essas modificações tornaram a carga imediata e precoce mais segura e previsível, mesmo em osso de baixa qualidade2.

Outro elemento dessa equação são os substitutos ósseos, com utilização mais prática para o implantodontista e mais confortável para o paciente. O uso de substitutos ósseos na Odontologia aumentou acentuadamente nos últimos anos, devido aos avanços na Implantodontia, sendo estimado seu uso em 1/4 das cirurgias de implante3. Dessa forma, estudos têm sido realizados para avaliar se as propriedades hidrofílicas da superfície desses implantes também oferecem vantagens quando utilizadas sobre substitutos ósseos, como em um implante imediato, por exemplo, uma vez que informações sobre o efeito da hidrofilicidade da superfície do implante conjugado ao substituto ósseo na neoformação óssea e na osseointegração ainda são limitadas3.

Buscando essa resposta, alguns estudos em animais têm sido realizados. Uma pesquisa utilizando aloenxerto e xenoenxerto de origem bovina foi realizada em minipigs e comparou os resultados obtidos com implantes tradicionais de superfície hidrofóbica e implantes de superfície hidrofílica. O estudo mostrou que, em oito semanas, os implantes de superfície hidrofílica apresentaram contato osso-implante (BIC) maior em ambos os biomateriais utilizados, menor distância da plataforma do implante até o primeiro contato osso-implante e maior agregado ósseo (enxerto remanescente e osso recém-formado) ao redor do implante3.

Em outro modelo de estudo, dessa vez utilizando substituto ósseo de origem sintética em seio maxilar de ovelhas e seios maxilares sem a necessidade de enxerto, foi observado que a superfície hidrofílica apresentou maior BIC em comparação à superfície hidrofóbica em 12 semanas (21,5% e 14,8%, respectivamente, em área enxertada e 20,1% e 16,5% em osso nativo). Em 26 semanas, os valores médios aumentaram para 28,7% para implantes convencionais e 34,1% para implantes ativados em áreas enxertadas, mas se mantiveram muito próximos para osso nativo4.

Em um estudo, tíbias de ratos enxertadas com substitutos ósseos de origens bovina e sintética receberam implantes de superfícies usinadas e hidrofílicas após 60 dias da enxertia. Os tempos de eutanásia foram 15 e 45 dias após a instalação dos implantes. Os implantes hidofílicos apresentaram maiores valores de torque de remoção e maior volume de tecido mineralizado em ambos os tempos em área enxertada com biomaterial sintético, e aos 45 dias apresentaram maior quantidade de osso entre as espiras e maior expressão de proteínas morfogenéticas-2. O grupo de implantes hidrofílicos em biomaterial xenógeno apresentou maior expressão de fosfatase alcalina aos 15 dias.

Esse estudo demonstrou que a superfície hidrofílica apresentou melhor osseointegração em áreas enxertadas em relação às superfícies usinadas5. No entanto, estudos clínicos randomizados necessitam ser realizados para confirmar se esta diferença se traduz em vantagens clínicas.

Referencias

  1. Makowiecki A, Hadzik J, Błaszczyszyn A, Gedrange T, Dominiak M. Uma avaliação de superfícies superhidrófilas de implantes dentários – uma revisão sistemática e meta-análise. BMC Oral Health 2019;19(1):79.
  2. Ganeles J, Zöllner A, Jackowski J, ten Bruggenkate C, Beagle J, Guerra F. Immediate and early loading of Straumann implants with a chemically modified surface (SLActive) in the posterior mandible and maxilla: 1-year results from a prospective multicenter study. Clin Oral Implants Res 2008;19(11):1119-28.
  3. Zhao R, Yang R, Cooper PR, Khurshid Z, Shavandi A, Ratnayake J. Bone grafts and substitutes in dentistry: a review of current trends and developments. Molecules 2021;26(10):3007.
  4. Philipp A, Duncan W, Roos M, Hämmerle CH, Attin T, Schmidlin PR. Comparison of SLA (R) or SLActive (R) implants placed in the maxillary sinus with or without synthetic bone graft materials – an animal study in sheep. Clin Oral Implants Res 2014;25(10):1142-8.
  5. Pinotti FE, de Oliveira GJPL, Aroni MAT, Marcantonio RAC, Marcantonio Jr. E. Analysis of osseointegration of implants with hydrophilic surfaces in grafted areas: a preclinical study. Clin Oral Implants Res 2018;29(10):963-72.