You are currently viewing Terapia peri-implantar preventiva individualizada no sucesso e longevidade dos tratamentos com implantes

Terapia peri-implantar preventiva individualizada no sucesso e longevidade dos tratamentos com implantes

Fábio Bezerra conta que estudos apontam a abordagem preventiva individualizada como a melhor estratégia para reduzir a prevalência de mucosite e peri-implantite.

A Odontologia moderna, especialmente no campo da Implantodontia, tem evoluído para proporcionar soluções cada vez mais seguras e eficazes para a reabilitação oral. Os implantes dentários se consolidaram como a principal alternativa para a substituição de dentes perdidos, proporcionando alta previsibilidade e índices elevados de sucesso a longo prazo. No entanto, a longevidade dos implantes depende de uma série de fatores, sendo a saúde dos tecidos peri-implantares um dos mais importantes. Nesse contexto, a adoção de uma terapia peri-implantar preventiva e individualizada pós-tratamento é essencial para o sucesso e a manutenção dos tratamentos com implantes dentários.

A perda dentária está frequentemente associada a fatores etiológicos multifatoriais, como doença periodontal, trauma, cárie e fatores sistêmicos. O cirurgião-dentista, como principal agente no diagnóstico e controle desses fatores, desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde peri-implantar. Estudos mostram que a mucosite e a peri-implantite são as principais doenças associadas a implantes dentários, têm alta prevalência e podem comprometer severamente a longevidade dos implantes quando não detectadas e tratadas precocemente. Segundo um estudo1, a peri-implantite pode afetar de 10% a 20% dos pacientes tratados com implantes, e sua progressão pode levar à perda do implante se não for devidamente gerenciada.

Controle etiológico e classificação de risco

Um ponto central na manutenção da saúde peri-implantar é o controle adequado dos fatores etiológicos primários e secundários que predispõem o paciente ao desenvolvimento de doenças peri-implantares. Diversos estudos2 demonstram que a presença contínua de placa bacteriana ao redor dos implantes é o principal fator desencadeante dessas condições. A instituição de protocolos preventivos adequados é, portanto, imperativa para o sucesso a longo prazo dos tratamentos com implantes.

Além disso, a classificação de risco do paciente é uma etapa crucial no planejamento da terapia peri-implantar. Pacientes com histórico de doença periodontal, controle inadequado de higiene bucal, tabagismo, diabetes ou outros fatores sistêmicos apresentam maior predisposição ao desenvolvimento de complicações peri-implantares. É imprescindível que o cirurgião-dentista adote um sistema de classificação de risco robusto3 que permita a estratificação dos pacientes em níveis de risco baixo, moderado e alto, facilitando a personalização das estratégias de prevenção e tratamento que incluam retornos periódicos ao consultório e a utilização de produtos, técnicas e métodos de higienização de acordo com o seu risco ou predisposição para o desenvolvimento de doenças peri-implantares.

Prevenção individualizada: o ponto de partida

Uma das principais abordagens para a prevenção das doenças peri-implantares é a instituição de um programa de manutenção e suporte individualizado para cada paciente. O sucesso dessa abordagem está diretamente relacionado à capacidade do cirurgião-dentista de identificar os fatores de risco individuais e ajustar as terapias de suporte de acordo com as necessidades específicas de cada paciente.

Segundo um estudo4, o sucesso da terapia de suporte peri-implantar depende de três pilares fundamentais: o diagnóstico precoce da mucosite, a eliminação do biofilme bacteriano de forma não cirúrgica e a educação contínua do paciente quanto à importância da manutenção de uma higiene oral eficaz. A terapia preventiva deve incluir tanto cuidados domiciliares intensivos quanto sessões periódicas de monitoramento e manutenção da saúde em consultório, utilizando dispositivos e técnicas específicas para a limpeza de implantes, como escovas interdentais e jatos de irrigação, cremes dentais, enxaguatórios e eventuais medicações locais ou sistêmicas, que devem ser prescritos pelo profissional.

Nos casos em que a peri-implantite já está estabelecida, o tratamento não cirúrgico é eficaz em casos leves, mas procedimentos cirúrgicos podem ser necessários em estágios mais avançados. A literatura atual recomenda que, sempre que possível, seja implementado um protocolo de tratamento com abordagem mínima invasiva, utilizando técnicas de regeneração tecidual guiada e enxertos ósseos, para restaurar a estrutura ao redor do implante5. Porém, os resultados apresentam graus variados de previsibilidade, podendo, em casos mais severos, ser necessária a explantação.

CONCLUSÃO

A individualização do tratamento peri-implantar, baseada no diagnóstico detalhado dos fatores etiológicos, na classificação de risco do paciente e na implementação de um programa de prevenção personalizado, é um fator determinante para o sucesso e longevidade dos implantes dentários. O cirurgião-dentista tem a responsabilidade de monitorar continuamente os pacientes e ajustar as terapias de suporte conforme as necessidades específicas, utilizando os dados mais recentes e confiáveis da literatura científica para embasar suas decisões clínicas.

Estudos robustos continuam a apontar a importância de uma abordagem preventiva individualizada como a melhor estratégia para reduzir a prevalência de mucosite e peri-implantite, promovendo não apenas a longevidade dos implantes, mas também a qualidade de vida do paciente. Com uma atenção cuidadosa e contínua aos fatores de risco e à implementação de práticas preventivas adequadas, é possível minimizar complicações e garantir o sucesso dos tratamentos a longo prazo.

Referências

  1. Derks J, Tomasi C. Peri-implant health and disease. A systematic review of current epidemiology. J Clin Periodontol 2015;42(suppl.16):158-71.
  2. Heitz-Mayfield LJA, Salvi GE. Peri-implant mucositis. J Clin Periodontol 2014;41(suppl.15):98-104.
  3. Lang NP, Berglundh T. Periimplant diseases: where are we now? – Consensus of the Seventh European Workshop on Periodontology. J Clin Periodontol 2011;38(suppl.11):178-81.
  4. Monje A, Pons R, Insua A et al. The effect of maintenance therapy upon peri-implant health in patients with peri-implant disease: a systematic review. J Clin Periodontol 2016;43(12):119-36.
  5. Schwarz F, Derks J, Monje A, Wang H-L. Peri-implantitis. J Clin Periodontol 2018;45(suppl.20):246-66.