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Relação interdisciplinar: como gerenciar as etapas cirúrgicas e protéticas para tornar seus resultados clínicos impactantes e longevos

‘Esse caso eu trato assim’: Marcelo Nunes e Lucas Raineri Capeletti apresentam caso clínico com a utilização da técnica bone ring.

A Reabilitação Oral com implantes dentários demanda, frequentemente, uma quantidade tecidual adequada que permita não apenas a estabilidade mecânica e funcional dos implantes, mas também a obtenção de resultados estéticos satisfatórios. No entanto, a resolução de deficiências alveolares, resultantes de processos patológicos, iatrogenias ou da reabsorção óssea pós-exodontia, pode representar um desafio significativo na Implantodontia.

Casos que apresentam defeitos combinados de perda óssea vertical e horizontal impõem uma complexidade significativa para sua resolução, exigindo estratégias de aumento ósseo avançadas que restaurem o contorno alveolar e garantam o ambiente mais propício para o ideal posicionamento tridimensional do implante, bem como uma maior longevidade para a futura reabilitação implantossuportada.

Não há um consenso na literatura sobre as técnicas para o aumento tridimensional do rebordo alveolar. Diferentes abordagens cirúrgicas para ROG tridimensional são discutidas na literatura, cada uma apresentando suas peculiaridades e limitações. Porém, todas implicam, muitas vezes, em um considerável tempo de tratamento, altos custos, riscos e grande morbidade, impactando negativamente na qualidade de vida do paciente.

Apresentada no caso clínico a seguir, a técnica bone ring é uma dessas soluções e se destaca pela possibilidade de realização de aumento ósseo tridimensional e a colocação de implantes em um único procedimento cirúrgico, estreitando, portanto, o tempo de tratamento quando comparada às técnicas tradicionais. Abre, assim, um novo horizonte para a reabilitação oral com uma abordagem que pode ser mais atraente, tanto para o profissional quanto para o paciente. Entre as vantagens estão a redução do tempo de tratamento, ao permitir a colocação do implante simultaneamente com a regeneração óssea, e a manutenção dos contornos alveolares e da arquitetura óssea, possibilitando a reconstrução horizontal e vertical do defeito de rebordo de maneira simultânea. Entre as desvantagens, podemos considerar a dependência da disponibilidade de anéis ósseos de dimensões adequadas, a técnica operatória complexa que exige elevada habilidade e experiência do cirurgião-dentista, e o custo elevado associado, sobretudo quando materiais alógenos são utilizados.

As indicações são para perda óssea vertical e horizontal, que dificulta a colocação de implantes e reconstrução de defeitos ósseos alveolares pós-exodontias. Nas contraindicações, destaque para pacientes com histórico de doenças sistêmicas que afetam a cicatrização e o metabolismo ósseo, regiões com infecção ativa ou inflamação severa, pacientes com hábitos prejudiciais, como o tabagismo, que podem comprometer a osseointegração, insuficiência de tecido mole ou comprometimento vascular severo que possa prejudicar a nutrição do enxerto, e pacientes que fazem uso de medicação que sabidamente interferem na cicatrização ou que contraindiquem o procedimento cirúrgico.

Como considerações adicionais, podemos ressaltar que a seleção criteriosa do paciente é imperativa para o sucesso da técnica bone ring. Avaliações pré-operatórias detalhadas, incluindo exames de imagem tomográfica, são fundamentais para a análise da viabilidade da técnica em cada caso específico. Ademais, o acompanhamento pós-operatório é crucial para monitorar a integração do enxerto e a osseointegração do implante.

CONCLUSÃO

Casos com defeitos complexos e componente vertical são sempre desafiadores. Uma excelente alternativa de tratamento para casos unitários com este tipo de defeito é a técnica bone ring. No caso apresentado, ficou clara a vantagem da utilização desta técnica, permitindo a reconstrução do rebordo simultaneamente à instalação do implante, reduzindo o tempo de tratamento e permitindo um contorno tecidual otimizado e estabilidade dos tecidos em longo prazo, com mais de dez anos de acompanhamento. Como toda técnica, ela apresenta desvantagens, como maior sensibilidade e complexidade, que podem ser superadas com treinamento específico e respeito à curva de aprendizado individual. Esta é mais uma abordagem que pode compor o arsenal terapêutico do implantodontista para a solução de casos com sequelas e desafios clínicos.

 

Confira também os vídeos deste caso clínico:

Referências 

  1. Nunes et al. INPerio 2016;1(4):690-9.
  2. Nunes et al. Int J Periodontics Restorative Dent 2021;41(3):413-21.
  3. Nunes et al. Int J Periodontics Restorative Dent 2022;42(4):525-33. Int J Implant Dent 2020;6(1):82.
  4. J Prosthet Dent 2021;126(5):626-35.
  5. Clin Implant Dent Relat Res 2020;22(2):167-76.