You are currently viewing Produção das restaurações indiretas no fluxo de trabalho digital

Produção das restaurações indiretas no fluxo de trabalho digital

Fluxo de trabalho digital: Luis Calicchio apresenta três casos clínicos que mostram diferentes abordagens na seleção dos materiais e na estratégia de fresagem das restaurações.

Em 18 anos de Odontologia, sempre gostei de observar as principais características dos cirurgiões-dentistas mais renomados em Reabilitação Oral no mundo. A que mais chamou minha atenção foi a percepção de que esses profissionais dominam todo o processo produtivo laboratorial. Eles possuem uma relação muito próxima com seus técnicos e conhecem cada detalhe da produção das restaurações, o que lhes permite tomar as melhores decisões clínicas tendo em mente as necessidades futuras dentro do laboratório.

A seguir, apresento três casos clínicos que mostram diferentes abordagens na seleção dos materiais e na estratégia de fresagem das restaurações, garantindo o melhor fluxo de trabalho possível. Conforme será visto, existem diversas possibilidades de materiais disponíveis no mercado para o fluxo digital. A adequação das estratégias de preparo e de usinagem é fundamental para que processo proporcione o melhor resultado em nosso tratamento restaurador.

Atualmente, qualquer tipo de restauração pode ser executado no fluxo digital, desde simples inlays até protocolos sobre implantes, todos realizados com muita previsibilidade e segurança. No fluxo digital de trabalho, a fresagem das restaurações ainda é o processo mais recomendado e utilizado nos laboratórios digitais, não só por garantir a melhor qualidade da restauração, mas também por ser o mais prático para o laboratório. Portanto, um profissional atualizado é aquele que se preparou não só para entender a etapa CAD, de design das peças, mas também o processo CAM, de estratégia de usinagem. Não se esqueça disso.

Caso clínico 1 – Laminados cerâmicos

Nesta sequência clínica, o objetivo é discutir os pontos de atenção em casos minimamente invasivos, em que iremos trabalhar com restaurações cerâmicas extremamente delgadas. A paciente procurou o consultório com queixa na estética do sorriso. Achava os dentes desgastados e sem exposição das bordas incisais dos incisivos centrais. Ela também desejava um sorriso mais amplo. Observe a sequência do tratamento nas Figuras 1 a 15.

A estratégia de preparo para casos de laminados cerâmicos no fluxo digital deve respeitar alguns pontos de atenção:

1. Os preparos devem oferecer ao técnico uma espessura mínima de 0,4 mm. Este detalhe será de extrema importância no processo de fresagem dos blocos cerâmicos, garantindo que os mesmos não quebrem durante o processo de usinagem. Outro fator importante é que, ao garantir a espessura mínima, estamos minimizando as chances de criação de microtrincas nas restaurações. Sabemos que a vibração do processo de usinagem pode danificar a restauração quando está com espessura abaixo da recomendada.
2. Os preparos devem apresentar margens muito bem definidas, facilitando ao técnico a delimitação da área de trabalho e possibilitando uma usinagem homogênea nas margens das restaurações.
3. A borda incisal deve apresentar um corte reto com arredondamento do ângulo vestíbulo-incisal, possibilitando que a fresa da máquina de usinagem consiga usinar de maneira apropriada a região em questão. Na Figura 7, podemos observar o problema criado caso um corte em 45° seja realizado e um ângulo agudo seja criado na área incisal. Na imagem, vemos que a fresa não consegue atingir a área a ser usinada, criando um gap interno na peça, prejudicando a sua adaptação.

Caso clínico 2 – Reabilitações complexas com cerâmica feldspática

Em casos de reabilitações complexas, a seleção do material restaurador é de extrema importância para o sucesso no longo prazo. Entender as necessidades do paciente e saber elencar o material restaurador que entregará o melhor resultado é uma decisão que deve ser dividida entre o cirurgião-dentista e o laboratório.

Neste caso, mostramos os detalhes de uma reabilitação oral solucionada com Vita Bloc Mark II – cerâmica feldspática de excelente resultado estético e que apresenta um ótimo acabamento de superfície pós-usinagem.

Caso clínico 3 – Reabilitações complexas com dissilicato de lítio

Aqui, mostramos os detalhes de uma reabilitação oral solucionada com cerâmica à base de dissilicato de lítio Rosetta. A opção por este tipo de cerâmica se deu devido à necessidade de um resultado extremamente branco – BL1 e pela necessidade de alta resistência, por se tratar de um paciente apertador noturno.

O interessante deste caso é observar que este tipo de cerâmica passa pelo processo de fresagem em uma fase de pré-sinterização, facilitando o desempenho da máquina de usinagem. Estes tipos de blocos necessitam passar por um processo de sinterização assim que a fresagem é finalizada. Além disso, este caso trouxe um aprendizado interessante. Os incisivos centrais do paciente eram muito longos e não existiam blocos cerâmicos do tamanho apropriado para sua confecção pelo processo de fresagem (Figura 32). A solução foi fresar ambos os dentes em cera (Figura 33) e, posteriormente, fazer o processo de injeção utilizando as pastilhas (Figura 34).

Agradecimento especial ao laboratório Dental Studio Z, técnicos Paulo Zahotei e Abner Zahotei, pela parte laboratorial.