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Inspiração e zona de conforto: qual seu lugar no mercado de trabalho?

David Morita ressalta que, no universo digital, quando pensamos que aprendemos alguma coisa, algo novo surge e temos que reaprender tudo novamente.

“Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar”, disse Chico Science. Todos nós temos pessoas que nos inspiram, que impulsionam nossas decisões e nos fazem crescer. Como muitos sabem, eu cresci dentro de um laboratório, onde meu pai sempre foi uma fonte de inspiração. Com meus irmãos e meu pai, aprendi o ofício e me apaixonei pela profissão. Minha missão era as entregas e a limpeza do laboratório. Vale lembrar que na ocasião não existia serviço de motoboy, todas as entregas eram feitas com ônibus e boa parte do trajeto era caminhando por ruas de São Paulo. Para mim, que tinha apenas 13 anos, era uma grande aventura e aprendizado.

Aos poucos, fui aprendendo uma coisa e outra, até que ingressei no curso profissionalizante do Senac. Eu me formei e fui ao encontro do mercado de trabalho, pois meu pai sempre me disse que as coisas não seriam fáceis e que eu teria que encontrar meu lugar dentro deste mercado competitivo. Para ele, estudar era prioridade, me incentivando muito a fazer cursos para me atualizar e conhecer novas técnicas e materiais. E foi exatamente o que eu fiz.

Os congressos e feiras comerciais sempre me encantavam. Meu pai sempre estava presente para estar antenado às novas tendências e avanços da Prótese Dentária. Por esta razão, creio que o seu laboratório atua desde 1964, sendo um dos mais antigos de São Paulo. Lembro das conversas na hora do jantar, com meu pai falando sobre suas intenções de investimentos em equipamentos e materiais para manter seu laboratório de maneira competitiva para atender seus clientes e prospectar novos clientes. Ele facilmente compreendeu que tudo muda o tempo todo, as tecnologias avançam constantemente e cada dia é um novo recomeço.

Recordando fotos antigas na casa do meu pai, me deparei com fotos de seu laboratório e uma delas me chamou muito a atenção. Uma foto que ele, entusiasmado, me descreveu o momento e me contou sobre a imagem. “Olha, filho, meu maior investimento na ocasião. Um sistema Vita de cerâmica para aplicação sobre metal não nobre. Filho, passava horas da noite tentando fazer uma simples aplicação e tudo dava errado. Mas, com muita insistência, consegui vencer os desafios e aprendi a realizar aplicações de cerâmica e me destacar no mercado de trabalho”. Para a época, isto era uma grande inovação e puro empreendedorismo.

E você, que está lendo esta coluna, deve estar se perguntando: onde estou querendo chegar? Eu quero que você, leitor, se sensibilize e entenda que muitas vezes estamos em uma zona de conforto e achamos que tudo está perfeito. É neste momento que entramos em uma fase perigosa na profissão. A zona de conforto é uma grande armadilha e devemos sair dela constantemente. Pense nisso!

Eu trabalho sozinho e realizo meus trabalhos do início ao fim, em todas as etapas. Porém, tenho a ajuda de equipamentos digitais que otimizam meu trabalho e meu tempo. Hoje não consigo viver sem os recursos de ferramentas digitais no meu dia a dia. Brinco que tenho três funcionárias que sempre ganham destaque no mês: uma impressora 3D e duas fresadoras que trabalham incansavelmente e sem reclamações, dia e noite.

Fazendo uma comparação, penso que meu pai teve grandes dificuldades em começar a fazer aplicações de cerâmica, assim como eu quando migrei para as ferramentas digitais. É claro que toda mudança gera desconforto, mas a insistência é o grande combustível para sairmos da zona de conforto. O mundo está digitalizado e, na Odontologia, isso já é mais que certo. Ainda teremos muitos trabalhos realizados de forma analógica, mas tudo isto está fadado ao fim ou a uma escassez. Além da dificuldade de ser encontrado, será cada vez mais caro e poucos profissionais poderão oferecer tais serviços. Daí vem a seguinte pergunta: você quer disputar um mercado pequeno e escasso ou quer estar antenado à tecnologia e conseguir seu próprio lugar no mercado de trabalho?

Quando comecei a utilizar minhas ferramentas digitais, confesso que quase enlouqueci por não saber lidar com a situação. A todo momento, eu queria voltar para minha zona de conforto e fazer tudo como eu já fazia antes. Ligar o gotejador, pegar minha cera, meus instrumentais e fazer dar certo do jeito que eu já sabia. Porém, meu desejo de superar meus obstáculos era maior do que minhas frustrações por não saber usar as ferramentas adequadamente. Pouco a pouco, fui me adaptando a tudo isso e os obstáculos foram superados. Mas, neste universo digital, quando pensamos que aprendemos alguma coisa, algo novo surge e temos que reaprender tudo novamente. E pasmem: isso me fascina! Isso me inspira a continuar aprendendo, aprendendo e aprendendo. E você, o que te inspira?