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Ferramentas digitais na reabilitação bucomaxilofacial

Trabalho protético ocular utilizando um software gratuito e impressão 3D oferece uma solução protética de grande relevância para o paciente.

O desenvolvimento dos softwares CAD na década de 1980 trouxe grandes mudanças nos meios de produção, na indústria e na área médica e odontológica. A possibilidade de desenhar formas variadas no computador e permitir a reprodução desses desenhos em máquinas fresadoras ou impressoras trouxe para a Odontologia, por exemplo, a possibilidade de confeccionar restaurações indiretas em um curto período de tempo, com qualidade e resultado estético realístico.

Com o aprimoramento dessas ferramentas e dos materiais utilizados, novas possibilidades estão surgindo também para reabilitações protéticas de estruturas da face. A Dra. Cristiane Cillo Catenace, cirurgiã-dentista, técnica em prótese dentária e mestra em Odontologia Digital pela São Leopoldo Mandic de Campinas, realizou um trabalho protético ocular utilizando um software gratuito e impressão 3D. Trata-se de uma solução protética de grande relevância para o paciente, já que a função visual não pode ser restabelecida e a prótese tem o propósito de minimizar os prejuízos estéticos, sendo altamente relevante para a qualidade de vida, convívio social e interpessoal.

Um paciente, atualmente com 32 anos, sofreu um grave acidente durante a infância, sendo realizada a enucleação e indicada prótese ocular. Após o uso por mais de 20 anos, foi necessária a confecção de uma nova prótese devido ao crescimento da face e demais estruturas. Como nos métodos digitais para a confecção de restaurações dentárias, a primeira necessidade desses casos é a digitalização (moldagem) da área que receberá a prótese. No caso da prótese ocular, a dificuldade está em simular o volume que sustentará a pálpebra de forma adequada. Pode-se realizar uma moldagem da área receptora com alginato, com silicones, mas nesse caso específico foi escaneada a prótese antiga e, assim, obtido o arquivo na extensão .STL. O arquivo foi importado para o software Meshmixer (Autodesk) e a prótese foi desenhada corrigindo possíveis deficiências de contorno da prótese antiga, assim como a espessura da parede e o espaço para o encaixe da íris.

A prótese foi manufaturada em impressora 3D do tipo LCD (mSLA), com resina biocompatível para próteses, e as caracterizações foram realizadas com pigmentos fotopolimerizáveis utilizados para caracterização de próteses totais. A autora destaca a importância do uso de ferramentas de fácil acesso e baixo custo para criar soluções para essas situações clínicas, já que a maioria desses pacientes possui dificuldades para arcar com custos elevados. Destaca, também, a amplitude de atuação das ferramentas digitais utilizadas na Odontologia e aplicabilidade das próteses maxilofaciais, como olhos, nariz, orelhas, entre outros.