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Controle químico do biofilme com oxigênio ativo

A utilização de substâncias químicas de ação local no tratamento das doenças periodontais é um recurso que vem ganhando força na prática periodontal nas últimas décadas. As maneiras mais conhecidas e mais utilizadas para esse controle são através de bochechos com algum tipo de solução ou pela aplicação local na forma de gel, fibras ou dentifrícios. O uso desses agentes geralmente é feito após a remoção mecânica da placa, que é realizada pelo paciente devidamente instruído pelo profissional, e também pelo próprio profissional, quando são realizadas a profilaxia e a raspagem. Assim, o controle químico do biofilme faz parte da terapia não cirúrgica periodontal.

Embora seja de domínio universal que a remoção mecânica da placa continua sendo o método mais importante de controle e prevenção das doenças gengivais e periodontais, é inegável que existe uma atração especial por parte dos pacientes pelo uso de algum agente químico, seja ele uma solução ou até mesmo um dentifrício. Isso provavelmente ocorre devido à dificuldade que a maioria dos indivíduos tem de executar corretamente a remoção mecânica da placa e também pela avalanche comercial dos fabricantes, que inunda nossos meios de comunicação com esses produtos.

Os antimicrobianos mais utilizados para a ação local em sítios com infecção periodontal são: clorexidina, tetraciclina, ácido cítrico, EDTA, triclosan, oxigênio ativo e agentes combinados. A maioria deles pode ser utilizada na forma de solução para bochechos, solução pra irrigação de bolsas, dentifrícios ou gel para aplicação local. Todas essas fórmulas podem ser facilmente obtidas em marcas comerciais já disponíveis no mercado ou em farmácias e laboratórios de manipulação.

Os colutórios bucais e pastas dentais à base de oxigênio1-4, que têm os seus efeitos baseados na comprovada ação do peróxido de hidrogênio (água oxigenada), também estão sendo bastante utilizados no controle de biofilme e no auxílio da cicatrização de feridas cirúrgicas. Obviamente que estes novos produtos têm na sua composição, além do peróxido de hidrogênio, outros agentes químicos que provavelmente incrementam a ação antimicrobiana. São eles: a água, o álcool, a glicerina, a sílica, a sacarina de sódio, o perborato de sódio, o ácido cítrico, o PEG-32, o gluconato de sódio, a lactoferrina, a goma xantana e a goma celulósica.

Atualmente, temos um entendimento científico mais profundo da fisiologia do oxigênio, com apoio de investigações clínicas prospectivas e randomizadas. Assim, o uso criterioso e individualizado da oxigenoterapia no controle de placa bacteriana, diminuição do sangramento gengival, da gengivite e de algumas doenças periodontais pode ser considerado uma interessante alternativa1-2.

O oxigênio parece ter um forte potencial para inibição seletiva de bactérias após uma semana de bochechos diários ou na forma de cremes dentais contendo oxigênio ativo, que têm demonstrado eficácia antiplaca e antigengivite, comparável com os cremes dentais contendo triclosan1-2. Quando comparado com a clorexidina em gel, o oxigênio em gel se mostrou igualmente eficaz no combate às formas de periodontite crônica1. Além disso, o tratamento de feridas cirúrgicas intra e extraorais também demonstra excelentes resultados com o uso de produtos à base de oxigênio3-4.

A evolução científica da Odontologia, e mais especificamente da Periodontia, tem nos brindado com produtos muito interessantes. Contudo, ainda existem condutas básicas que continuam dando certo. Utilizar como agentes coadjuvantes a remoção mecânica do biofilme, os oxigênios ativos que o mercado nos disponibiliza hoje em dia, nada mais é do que continuar usando a boa e velha água oxigenada, utilizada nos primórdios da Periodontia. Só que agora ela se apresenta com uma fórmula mais sofisticada.

Referências

  1. Koul A, Kabra R, Chopra R, Sharma N, Sekhar V. Comparative evaluation of oxygen releasing formula (Blue-M Gel®) and chlorhexidine gel as an adjunct with scaling and root planing in the management of patients with chronic periodontitis: a clinico-microbiological study. J Dent Specialities 2019;7(2):111-7.
  2. Cunha EJ, Auersvald CM, Deliberador TM, Gonzaga CC, Florez FLE, Correr GM et al. Effects of active oxygen toothpaste in supragingival biofilm reduction: a randomized controlled clinical trial Int J Dent 2019 Jul 1:2019:3938214. Doi: 10.1155/2019/3938214. eCollection 2019.
  3. Eisenbud DE. Oxygen in wound healing nutrient, antibiotic, signaling molecule, and therapeutic agent. Clin Plastic Surg 2012;39(3):293-310.
  4. Mostajo MF, Van der Reijden WA, Buijs MJ, Beertsen W, Van der Weijden F, Crielaard W et al. Effect of an oxygenating agent on oral bacteria in vitro and on dental plaque composition in healthy young adults. Front Cell Infect Microbiol 2014 Jul 23:4:95. Doi: 10.3389/fcimb.2014.00095. eCollection 2014.