Ivete Sartori avalia as características de um componente temporário em titânio e indica as melhores formas de utilização.
O componente temporário em titânio Grand Morse (Neodent – Curitiba, Brasil) faz adaptação direta ao implante. Tem duas opções de diâmetro e quatro opções de transmucoso (de 0,8 mm a 3,5 mm), Figura 1. As dimensões (diâmetro e altura) devem ser escolhidas em clínica, evitando o contato entre o material e o osso (Figura 2). Ele é bem ranhurado em toda a sua extensão, o que facilita a adaptação do material de confecção da coroa. Sua indicação é para casos em que se deseja condicionar tecidos para utilizar intermediários em zircônia na prótese definitiva e para casos de pouco espaço interoclusal. Em ambas as situações, a prótese definitiva geralmente é confeccionada utilizando bases de titânio.
Após o parafusamento ao implante, o componente deve ser cortado respeitando a altura oclusal. No entanto, na face vestibular, deve-se preservar o máximo possível a altura para que o material da coroa fique efetivamente aderido (Figuras 3 e 4). Escolhe-se, então, o dente de estoque e prepara-se toda a parte interna fazendo uma faceta. Na prova clínica, a adaptação é verificada em relação à posição e estética com os dentes vizinhos. No momento da união da faceta ao componente, é necessário isolar os dentes vizinhos com vaselina, secar bem o componente e levar uma quantidade pequena de acrílico na face vestibular. Esse cuidado é importante para o material não escoar para os espaços interproximais (Figura 5). A faceta deve ser mantida em posição de maneira bem firme e, com ela, o tecido mole é pressionado para o desenho do perfil de emergência começar a ser estabelecido (Figura 6).
Após a polimerização da resina, o conjunto é removido, o componente deve ser parafusado a um análogo do implante GM (Figura 7) e a anatomia é complementada com acréscimos de resina acrílica. O perfil crítico deve ser estabelecido no formato em que se idealiza o aspecto da saída do tecido mole. O perfil subcrítico deve ser sempre menos volumoso. Lembrando a anatomia dentária, as partes proximais são bem planas e as faces livres são convexas. Mas, no caso das próteses provisórias implantossuportadas, deve-se iniciar esse formato reduzindo volume, garantindo espaço para que as fibras colágenas preencham a área. Esse cuidado vai resultar em espessura de tecido mole, o que é importante para a manutenção do contorno tecidual (Figuras 8 a 10).
Após o polimento final, a coroa é parafusada ao implante (Figuras 11 e 12) e as instruções para higienização são passadas ao paciente. Depois do período de três meses, nota-se a melhora do preenchimento tecidual (Figura 13) e o aspecto radiográfico de preenchimento da área peri-implantar próxima ao componente (Figura 14). Pode-se, então, realizar as manobras para finalizar o condicionamento tecidual. Note que, neste caso, o recorte cervical do 23 está mais baixo do que nos elementos 22 e 24. Portanto, será feita uma manobra aumentando o contorno vestibular para subi-lo, assunto que será abordado em outra coluna
Ivete Sartori
Mestra e doutora em Reabilitação Oral – Forp/USP; Professora dos cursos de especialização em Implantodontia – Fundecto/USP, dos cursos de mestrado e doutorado da Faculdade Ilapeo, dos cursos de aperfeiçoamento em Implantodontia da APCD (Bauru) e da Clínica Mollaris, em Portugal.
Orcid: 0000-0003-3928-9430.