Marco Bianchini mostra que área do COL fica na região interproximal dos dentes e compreende a região entre a papila vestibular e lingual/ palatal de pré-molares e molares.
Um importante componente anatômico que deve ser respeitado quando estamos reconstruindo dentes que receberam uma cirurgia de aumento de coroa clínica é a área do COL1-3 (Figura 1). Esta área fica na região interproximal dos dentes e compreende a região entre a papila vestibular e lingual/ palatal de pré-molares e molares. Em dentes anteriores bem posicionados, esta formação é mais difícil de ser encontrada (Figura 2).
O nome “COL” pode ser traduzido pela palavra “vale” em português. Um vale é um acidente geográfico caracterizado por uma área de baixa altitude, plana, cercada por áreas com picos mais altos, como montanhas ou colinas. Foi esta a denominação encontrada pelos primeiros autores1-2, que se referiam a esta área como uma depressão ou concavidade do tecido interproximal que une as papilas interdentais vestibular e lingual (Figuras 1 e 2).
A área do COL é uma área menos queratinizada e mais suscetível à inflamação, pois o epitélio é mais delgado e praticamente sem queratina (Figura 3). Quando há perda óssea ou dentária, a anatomia original desta área é perdida e uma bolsa periodontal verdadeira pode ser formada. Por isso, a área de COL é mais suscetível a inflamações e menos resistente ao ataque bacteriano3. Se houver um contorno inadequado de coroas e restaurações nestas regiões do COL, fatalmente haverá um processo inflamatório na área, o que poderá comprometer todo o aumento de coroa clínica que foi realizado. Esta condição da área interproximal pode ser melhorada pela odontoplastia associada à modificação da interface alvéolo-restauração (IAR), tema que abordamos na edição passada3-4.
Utilizando estas modificações durante uma cirurgia de aumento de coroa clínica, é possível a obtenção de uma ameia maior, modificando o COL e levando à formação de um tecido conjuntivo convexo, recoberto por epitélio queratinizado. Isso simplifica a higiene oral e aumenta a resistência à doença periodontal interproximal. Além disso, o restabelecimento do ponto de contato por meio de restaurações adequadas não reverterá os resultados obtidos pela técnica da modificação da IAR, e assim os tecidos interproximais permanecerão convexos e queratinizados.
Por fim, é necessário sempre lembrar que uma restauração definitiva, realizada após o aumento de coroa clínica, deve reproduzir adequadamente os pontos de contato proximais, evitando acúmulo de biofilme e possíveis impacções alimentares. Tanto a ausência quanto o excesso de ponto de contato podem desencadear respostas inflamatórias indesejáveis, especialmente na área do COL. As Figuras 1 e 2 esquematizam essa área e a importância do correto restabelecimento dos pontos de contato. A Figura 3 demonstra um corte histológico de uma área do COL, feito pela técnica de amostra não descalcificada de inclusão em metilmetacrilato.
Referências
- Cohen B. Pathology of interdental tissues. Dent Pract 1959;9:167-74.
- Goldman HM, Cohen DW. Anatomy, histology and physiology. In: An introduction to Periodontics. Louis: The CV Mosby Company, 1968. p.1-29.
- Papalexiou V, Novaes Jr. AB, Macedo GO, Luczyszyn SM, Muglia VA. Preprosthetic periodontal surgery in the proximal area with modification of the col area: results following the reestablishment of the contact point. J Periodontol 2006;77(11):1856-62.
- Ross SE, Gargiulo A. The surgical management of the restorative alveolar interface. Int J Periodontics Rest Dent 1982;2(3):9-31.
Marco Bianchini
Professor titular das disciplinas de Periodontia e Implantodontia do Depto. de Odontologia – Universidade Federal de Santa Catarina; Autor dos livros O Passo a Passo Cirúrgico na Implantodontia e Diagnóstico e Tratamento das Alterações Peri-implantares.