Apesar do mundo de hoje ser uma coleção de teclas, telas e leitores à base de luz, o hábito de ter em mãos lápis e caneta é de extrema importância.

A revolução tecnológica mudou o mundo. Por exemplo, se não tivéssemos estes microprocessadores fantásticos em nossos computadores, a vida seria muito mais complicada. Quando se fala em fluxo automatizado, a palavra seguinte que vem à mente é rendimento. Imagine embalagens sem os códigos de barras. Haja funcionário e paciência para auditar tudo, gerenciar o estoque e o faturamento. Mas, se o mundo de hoje é uma coleção de teclas, telas e leitores à base de luz, qual importância teria um simples lápis ou uma caneta?

A primeira parte da resposta está em um ditado chinês atribuído a Confúcio: “Se ouço, esqueço; se vejo, lembro; se faço, entendo”. O lápis e a caneta estão no “faço”. E fazer, aqui, não é teclar, é escrever mesmo. Pergunte aos melhores concurseiros e concurseiras desse Brasil a razão de guardarem seus cadernos e canetas no melhor lugar da estante.

A segunda parte da resposta pode ser encontrar na ciência contemporânea: existe um exame chamado ressonância magnética funcional, que mostra qual área do cérebro fica mais ativa quando fazemos uma atividade específica, como falar, morder ou piscar, por exemplo. O programa também consegue colorir artificialmente as áreas ativadas e identificar essa força de ativação. Segundo um estudo publicado na revista Frontiers in Behavior Neuroscience, em 2021, pessoas que escreveram em um bloco de notas fizeram esta tarefa mais rápido do que nos tablets e smartphones. Ainda, os processos cognitivos foram mais profundos e sólidos no bloco de papel.

Por fim, mesmo que áreas cerebrais semelhantes tenham sido ativadas nas três situações, a força foi maior quando os pacientes escreveram no bloco de papel. Todos esses fatores apontam para uma melhora na retenção/memória do que foi lido e escrito.

Voltando para a Odontologia: faça um teste simples, tentando desenhar a superfície oclusal de um primeiro molar superior, principalmente se você não for um profissional de laboratório que trabalhe com enceramentos diagnósticos. Quanto tempo até chegar a um resultado mediano, mesmo que você seja um artista?

Ninguém está pedindo para que você volte à fase das cavernas, mas não se esqueça de escrever e rabiscar. O cérebro, que é o seu HD natural, é uma máquina insubstituível, melhor do que qualquer computador já construído. Mas ele precisa de atividades mentais constantes, especialmente daquelas que estimulam o campo das ideias. E isto só se consegue lendo e escrevendo com frequência. É quando realmente estudamos um assunto.

As observações acima foram comprovadas na prática pelo grande professor Pierluigi Piazzi, já falecido, ao dar aula em um cursinho pré-vestibular para mais de 100 mil alunos. Seus livros “Aprendendo Inteligência”, “Estimulando Inteligência” e “Ensinando Inteligência” reforçam que, quando o aluno não “estuda” no mesmo dia, o conhecimento se vai.

Para fechar, sejam bem-vindos ao INDEX23. Esperamos que aproveitem bastante todas as facetas que o mundo digital oferece. E, como nossos leitores são bons estudantes, temos certeza de que anotarão tudo e repassarão em casa mais tarde.

A propósito, alguém tem uma caneta aí?

Boa leitura!