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“Seja rápido na escultura e ficará horas no acabamento”

David Morita apresenta caso clínico e vídeo com passo a passo de um trabalho desenvolvido em software.

Se esta afirmação estiver correta, eu estou muito enganado porque penso totalmente diferente. É no momento da escultura que devemos extrair o melhor em anatomia, função e estética. Durante a minha formação, um professor me disse uma frase do Dr. Hebert Shillingburg, que era algo mais ou menos assim: “Faça tudo na cera antes de transformar seu trabalho em material sólido. Quando ele estiver sólido, a próxima fase será o acabamento, em que só é possível a retirada do material. Todo acréscimo é apenas um reparo na peça”. Sob esta perspectiva, eu concordo totalmente com a afirmação citada.

Temos materiais que permitem serem aplicados sobre determinadas estruturas para complemento estético, mas somente em casos nos quais a estratificação for pensada com antecedência. Mesmo assim, a forma dos elementos deve ser determinada já na escultura, para que a redução seja feita de maneira simétrica e planejada.

Há muitas postagens em redes sociais protagonizando peças totalmente fora do formato desejado e que, através de desgastes, chega-se ao desejado. Então, fica a seguinte pergunta: por que não esculpir de acordo com o desejado e preconizar o acabamento, ao invés de esculpir na cerâmica? E ainda finalizam as demonstrações comentando sobre possíveis acréscimos de cerâmica nas peças, cujo formato não se iguala devido ao descontrole no acabamento. Se estamos na fase de acabamento, por que estamos esculpindo? Não seria mais prudente fazer isso no enceramento das peças, seja no método analógico ou digital? Fico horas esculpindo para que em minutos seja feito o acabamento – que é o passo final, como a própria palavra diz.

Quando eu esculpia de modo totalmente analógico, sempre tive uma prerrogativa de iniciar a escultura no modelo troquelizado e, antes de passar para uma nova fase (injeção de cerâmica), adaptar todas as peças no modelo rígido para ter certeza de que tudo estava em conformidade antes de prosseguir com o trabalho. Isso nos certifica de que, depois de injetar as peças, o próximo passo seria apenas o acabamento, seguindo para a maquiagem ou estratificação. O modo digital não mudou minha conduta. Continuo me dedicando à anatomia, função e estética antes de prosseguir com a fresagem ou impressão das peças, para depois transformá-las em cerâmica.

Certa vez, um professor de Exocad disse em uma aula: “Fique cinco minutos na frente do computador desenhando a peça e ficará horas usinando na fase do acabamento”. Pois bem, não seria o mesmo o que Dr. Shillingburg afirmou décadas atrás? Claro que a fala de Shillingburg foi em outros tempos e em outra era, mas não se reinventa a roda; apenas nos adaptamos às novas tendências e técnicas. A história se repete mesmo com tanta tecnologia disponível atualmente. O objetivo é facilitar o trabalho técnico, e a produtividade é parte integrante e fundamental na rotina de todos.

Veja vídeo passo a passo de um trabalho desenvolvido em software.