RAPG: Guaracilei Maciel Vidigal Júnior apresenta caso clínico de paciente com implante na região do 22 e enxerto de biomaterial na vestibular.
Com frequência, há questionamentos sobre a possibilidade de fazer a reconstrução alveolar proteticamente guiada (RAPG) em áreas que estão perdendo implantes. E a resposta é sim, desde que todos os passos da técnica sejam respeitados.
No caso clínico apresentado a seguir, a paciente chegou no consultório com um implante instalado na região do 22 e enxerto de biomaterial na vestibular. O implante havia sido instalado há sete anos. A Figura 1A mostra a alteração de cor na mucosa vestibular, causada pela inflamação, e supuração espontânea na mesial da coroa sobre o implante. A Figura 1B mostra uma profundidade de bolsa de 12 mm na vestibular.
Após a moldagem para obter o modelo em gesso tipo IV, o dente 22 foi removido, preservando a margem gengival, e um nicho subgengival de 3 mm foi escavado (Figura 2A). Depois, o modelo foi enviado ao laboratório para a confecção de uma prótese adesiva, estendendo-se 3 mm subgengivalmente, tendo uma canaleta de 1 mm de altura e de profundidade no milímetro subgengival intermediário (Figura 2B).
A Figura 3A mostra o implante – com bastante biofilme bacteriano aderido – sendo removido com o auxílio do implant retriever. Em seguida, o alvéolo foi curetado vigorosamente nas paredes ósseas mesial, distal e palatina; já na vestibular, a ação foi cuidadosa para não danificar o periósteo. Posteriormente, o alvéolo foi lavado profusamente com soro fisiológico. Na Figura 3B, através do afundamento da sonda periodontal na mucosa vestibular, observa-se que a tábua óssea vestibular, aparentemente presente na tomografia, foi completamente perdida. A Figura 4A mostra o acréscimo de 2 mm com resina flow no milímetro subgengival mais apical da prótese, aumentando a distância vestibulopalatina de 5 mm para 7 mm. A Figura 4B mostra o controle de uma semana após a cirurgia da RAPG.
Após seis meses, um novo exame de tomografia computadorizada (TC) foi solicitado e a cirurgia para instalação do implante de plataforma estreita foi realizada. A prótese foi removida (Figura 5A), permitindo observar o crescimento do anel o-ring mucoso para dentro da canaleta subgengival. Este anel é responsável pela ausência de retração gengival na técnica da RAPG. Após anestesiar a paciente, a sonda periodontal foi inserida para avaliar a espessura da mucosa, a 3 mm (Figura 5B). Então, o implante foi instalado com o auxílio do guia cirúrgico (Figura 6A), junto com o cicatrizador de 3 mm. Este sempre é instalado para evitar a perda de altura da mucosa (Figura 6B).
A Figura 7A mostra o corte transaxial do implante na tomografia pré-cirúrgica. Nela, não se observa a mesma perda óssea vista clinicamente (Figuras 1B e 3B). Isto ocorre porque nem tudo que é radiopaco é osso. A massa radiopaca vestibular era formada por biomaterial de enxerto, provavelmente usado na cirurgia de instalação do implante. Após seis meses, a tomografia pós-RAPG (Figura 7B) mostra o ganho ósseo obtido vertical (14,4 mm) e horizontalmente na crista do rebordo (8,94 mm). Nesta imagem, também é possível identificar resquícios do biomaterial de enxerto (radiopaco) que, provavelmente, ainda ficou aderido à mucosa vestibular.
Guaracilei Maciel Vidigal Júnior
Especialista e mestre em Periodontia – UFRJ, e doutor em Engenharia de Materiais – Coppe/UFRJ; Livre-docente em Periodontia e especialista em Implantodontia – UGF; Pós-doutor em Periodontia e professor adjunto de Implantodontia – Uerj.
Orcid: 0000-0002-4514-6906.