Há muitos anos que as fundições vêm sendo utilizadas na Odontologia para a confecção de diferentes tipos de reabilitações.
Através da técnica da cera perdida, núcleos, restaurações metálicas fundidas, coroas totais e estruturas para próteses parciais e totais fixas vêm sendo produzidos nos laboratórios protéticos. Nas reabilitações totais fixas sobre implantes, uma estrutura metálica em ouro coberta por um material estético tornou-se, no início da osseointegração, o padrão-ouro na reabilitação de pacientes edêntulos.
Apesar de ser antiga na Odontologia, a técnica da cera perdida apresenta algumas limitações, como o maior tempo de trabalho e a necessidade de controle do coeficiente de expansão térmica da cera e da liga metálica, o que pode acarretar em alterações dimensionais da estrutura metálica pela capacidade de escoamento das ligas metálicas a serem fundidas.
Além disso, a fundição era feita com ligas metálicas nobres ou seminobres, que apresentam resistência à oxidação, à corrosão e à perda de brilho. No entanto, ligas alternativas, como o níquel-cromo e o cobre-alumínio, vêm sendo utilizadas devido ao seu baixo custo. Essa possibilidade de fundição de ligas não nobres torna-se uma desvantagem da técnica, já que as mesmas não apresentam as propriedades ideais para tal uso.
Uma alternativa às estruturas fundidas são as estruturas confeccionadas a partir da tecnologia CAD/CAM. Essas estruturas – conhecidas como estruturas fresadas – são desenhadas em softwares específicos (CAD) e, posteriormente, discos de diferentes tipos de materiais, como ligas em titânio, cobalto-cromo ou zircônia, são usinados em fresadoras odontológicas ou industriais (CAM).
O ponto-chave na longevidade das reabilitações totais é a adaptação da estrutura protética. Autores¹ compararam a adaptação de quatro grupos: a) estruturas fundidas em ouro; b) estruturas fundidas em ouro e soldadas a laser; c) estruturas fresadas em titânio; e d) estruturas fresadas em cobalto-cromo. Os resultados obtidos foram de desadaptações de 261 μ, 49 μ, 26 μ e 26 μ, respectivamente, confirmando o excelente nível de adaptação das estruturas usinadas quando comparadas com as fundidas e soldadas. Os resultados desta pesquisa estão de acordo com os dados de uma revisão sistemática da literatura, apontando reduzidos gaps verticais em estruturas CAD/CAM quando comparadas com peças confeccionadas a partir da técnica da cera perdida. Esse estudo incluiu 172 estruturas².
Um estudo realizou a comparação dos pesos das peças. As fundidas apresentaram peso de 33,4 g, as peças de cobalto-cromo apresentaram peso de 18,1 g e as peças de titânio apresentaram peso de 8,7 g. Esses dados são corroborados por outros autores, que descreveram a densidade média das ligas em titânio em 4,5 g/cm3 contra 15,3 g/cm3 das ligas em ouro. As peças usinadas são mais leves e, portanto, mais confortáveis³.
Além das ligas em cobalto-cromo, que podem ser recobertas tanto por materiais cerâmicos como resinosos, e das ligas em titânio, que devem ser recobertas por cerômero, temos a alternativa da fresagem das estruturas em zircônia monolítica ou recobertas por cerâmicas odontológicas. A zircônia pode ser fresada em dois estados: sinterizado ou pré-sinterizado. No estado sinterizado, o disco em zircônia já está em seu estado final, com suas propriedades mecânicas já estabelecidas. Já os discos pré-sinterizados deverão ser submetidos a um processo de sinterização pós-fresagem em um forno, momento no qual vemos uma redução volumétrica na ordem de 25%, assim como um aumento significativo na dureza da estrutura. Esse tipo de fresagem favorece a economia das brocas de fresagem e pode ser realizado a seco.
De um modo geral, a utilização de estruturas de protocolo confeccionadas a partir de tecnologia CAD/CAM trouxe grandes vantagens para a reabilitação de pacientes edêntulos. O controle de alterações dimensionais provenientes da técnica da cera perdida, assim como a redução no tempo de fabricação das peças, são exemplos de como os processos de produção evoluíram. Aliado a isso, as peças usinadas apresentam índices de adaptação excelentes, peso reduzido e eliminam a necessidade de soldagem.
Acompanhe, a seguir, o caso clínico que envolve a reabilitação total de maxila sobre implantes osseointegrados utilizando o sistema CAD/CAM, tanto na prótese temporária como na permanente.
Referências
- Paniz G, Stellini E, Meneghello R, Cerardi A, Gobbato EA, Bressan E. The precision of fit of cast and milled full-arch implant-supported restorations. Int J Oral Maxillofac Implants 2013;28(3):687-93.
- Mello CC, Lemos CAA, Gomes JML, Verri FR, Pelizzer EP. CAD/CAM vs conventional technique for fabrication of implant-supported frameworks: a systematic review and meta-analysis of in vitro studies. Int J Prosthodont 2019;32(2):182-92.
- Yilmaz B, Kale E, Johnston WM. Marginal discrepancy of CAD-CAM complete-arch fixed implant-supported frameworks. J Prosthet Dent 2018;120(1):65-70.